Ser pai ou mãe, de certa forma, nos faz participantes da natureza do próprio Deus. Sim, Deus permite que nossos corpos mortais, criados por Ele, “façam” ou “criem” outro ser como nós. Não é maravilhoso? Bem, essa é a parte boa. A parte difícil (não digo ruim) é que corremos o mesmo risco dEle ao nos criar: o de sermos rejeitados. Por essa causa vejo que a família é uma das expressões mais belas de Deus. Nela, exercitamos habilidades divinas e tudo o mais em nossa vida passa a girar em torno dessa grandiosa tarefa: o de educar filhos para a glória de Deus e para a eternidade com Ele. E aqui falo mais como uma filha que foi educada por pais que temiam a Deus do que mesmo como uma jovem mãe.
A oração sacerdotal de Jesus sempre me emocionou. E em um dos meus aniversários, precisamente no ano de 2015, eu a reli novamente. Naquele momento, eu estava passando por noites escuras em minha vida. Abalos na minha saúde trouxeram maus prognósticos. Cheguei até mesmo a pensar que eu não teria muito tempo aqui, e meu desejo de escrever aumentou. Vivendo naqueles dias de sombras da morte, li João 17. Jesus estava prestes a deixar seus discípulos. Ele partiria. Aquela oração veio de um coração saudoso, esperançoso, cheio de desejos belos: um coração partido e convicto do que havia feito. E, vi que aquelas palavras eram uma síntese de que vida vale a pena ser vivida, de que escolhas são importantes tomar, enquanto há vida. Apliquei cada rogo às escolhas que deveria tomar até que minha partida chegasse. Eu precisava começar naquele exato momento a me exercitar naquilo que Jesus havia feito pelos seus, enquanto andou por aqui.
E foi assim que comecei:
Jesus, perto de consumar a obra que viera realizar aqui, na oração sacerdotal registrada no capítulo 17 de João, faz várias referências àquele que O enviara e àqueles que Ele Lhe dera para cuidar. Lendo esse capítulo me identifiquei com Jesus em vários sentidos no meu ofício maternal.
São palavras ditas por Alguém que havia cumprido sua missão e estava prestes a partir. Delas, pude extrair valiosas lições para minha vida como mãe. Se quero ser vitoriosa nessa vida, terminá-la com aquele sentimento “cumpri minha missão”, preciso extrair para minha vida as verdades daquelas palavras.
E é isso que vou fazer agora. Hoje completo mais um ano e a cada novo ano sinto que minha identidade precisa ser conformada à imagem de Cristo e que minhas atitudes devem imitar àquelas feitas por Jesus.
Jesus falou assim e, levantando seus olhos ao céu, e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique a ti;
1. Nessa jornada, só conseguiremos chegar ao final se “levantarmos os nossos olhos ao céu”. É de lá que vem o nosso socorro (Sl 121). Somente Deus pode nos capacitar para realizar tão grande obra. Somos tão pequenos, falhos e imperfeitos. Nossa visão é tão limitada. Vemos apenas passado e presente. Como prever o futuro? Quem sabe se será bom ou ruim? Frequentemente nos indagamos. Será que vou acertar? As respostas não estão em nós. O conhecimento humano falha e é volúvel. Mas o Eterno, aquele que nos fez, conhece os nossos dias desde a vida intrauterina. Quando estávamos lá, Ele já havia escrito todas as coisas no seu livro (Sl 139.16). Ele é imutável. Não precisamos ficar desesperados. Ele, o nosso criador, está para nos ajudar. O nosso socorro vem do Senhor que fez os céus e a terra. Ele guardará o início dessa jornada e o fim dela.
Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste. E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.
Eu glorifiquei-te na terra, tendo consumado a obra que me deste a fazer.
E agora glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antesque o mundo existisse.
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Adna S. Barbosa
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