A Realização Profissional e a Glória de Deus

16:48:00



“Isto, porém, vos digo, irmãos, que o tempo se abrevia; o que resta é que também os que têm mulheres sejam como se não as tivessem; e os que choram, como se não chorassem; e os que folgam, como se não folgassem; e os que compram, como se não possuíssem; e os que usam deste mundo, como se dele não abusassem, porque a aparência deste mundo passa” (1 Coríntios 7:29–31)
Desde pequenininhos ouvimos esta pergunta: “O que você vai ser quando crescer?”. E, às vezes, induzidos pelos adultos, as crianças dizem uma porção de coisas: “vou ser médico”, “eu quero ser juiz”, “bombeiro”, “astronauta”, “polícia”, “professora”, e por aí vai…
Mas aquela perguntinha da infância ainda soa muito forte à medida que crescemos, agora com outras palavras, mas com o mesmo sentido: “o que você faz e como você se torna alguém de destaque?”. Somos dirigidos para fazer alguma coisa. Alguns quando crescem dão continuidade ao trabalho do pai, ou da mãe, ou da família no comércio, na prestação de algum tipo de serviço, na carreira etc. Outros rompem com um ciclo e mudam suas vidas, outros precisam trabalhar em qualquer coisa para ganhar dinheiro e sobreviver, outros mergulham na vida acadêmica, outros vão levando a vida.


O mundo, em seu afã de nos ocupar com o que é daqui mesmo, faz do meio de vida um fim em si mesmo, isto é, o seu ofício é o que vai lhe definir como pessoa. Todos buscam “um lugar ao sol”. Surgem então os mais variados problemas. Com esse sentimento mesquinho no coração, homens e mulheres se deixam vencer pela cobiça, avareza, orgulho e toda sorte de males. Mas o principal deles para mim tem sido a forma como essa mentalidade dominante no mundo tem influenciado homens e mulheres que aceitaram o senhorio de Cristo em suas vidas.
Como cristãos, sei que nem todos teremos uma vida dedicada integralmente à causa do Evangelho. Sei que, assim como eu, a maioria de nós precisa de um trabalho para se sustentar, um ofício para desempenhar, um meio de “ganhar o pão”. Não dá para ficar sentado, orando e esperando pelo dia que Deus vai cumprir com esta ou aquela promessa. Mas o que me inquieta é ver como essa vontade de ser alguém ou de vencer na vida tem tirado o foco da cruz de Cristo na vida de muitos crentes.
Paulo disse mais ou menos isto aos irmãos de Corinto: “o tempo se abrevia! Se você usa das coisas desse mundo, se você precisa comprar, vender, utilizar um serviço, faça isso como se não estivesse fazendo”, em outras palavras, “não coloque o coração nessas coisas terrenas”, “não perca de vista o alvo que é o céu, a eternidade”, “porque a forma presente desse mundo passa”.
Meus irmãos, falo isto com muito temor e amor. Se precisamos vender, trabalhar, comprar, vestir, usar seja lá o que for (desde que seja honesto diante de Deus), façamos com os olhos postos em Deus e não tenhamos o trabalho e as coisas como um fim em si mesmas para nossa realização como pessoa. Quando aceitamos a Cristo, a vida aqui na terra ganha outro sentido, outra razão e ainda que presentes no mundo e precisando dele para viver essa vida daqui, não vemos mais o meio de vida terreno como um fim em si mesmo, como o meio da realização pessoal. Isso muda toda a forma de ver a vida.
Trabalhamos, sim! Compramos, sim! Vendemos, sim! Usamos os mais variados serviços, sim! Mas nada dessas coisas podem nos definir como pessoas. Somos bem mais que nossos ofícios, somos bem mais do que essas coisas passageiras. Por isso, meu irmão, não ponha o seu coração no labor desta vida nem no que ele pode lhe trazer. Nossa vida com Cristo ganha uma nova perspectiva. Em vez de pensarmos em como nos realizarmos como pessoa, passamos agora a pensar em como vamos glorificar a Cristo no que fazemos. Isso muda radicalmente como vemos o trabalho e a vida. Se o trabalho prospera, se as vendas crescem, se as portas se abrem, se subo degraus, ou se os planos ruem, se os sonhos se frustram, se as portas se fecham, se vejo em cada momento da vida o amor e o cuidado de Deus, se vejo que mesmo em meio ao “insucesso” diante do mundo o sucesso diante de Deus por um trabalho que não deu certo, por uma venda que não fiz, por um degrau que desci, então, na verdade, agora é que sou próspero, agora é que sou alguém em Cristo.
O mundo não entende isso, mas o que esperar dele? O que me dói é ver tantos cristãos perdidos, correndo de um lado para o outro, andando numa vã aparência, inquietando-se em vão, amontoando riquezas sem saber quem as levará (Sl 39.6).
O trabalho do crente deve ser visto como um chamado cultural de Deus, um chamado para glorificar o nome dEle no mundo e não como o fim da sua vida. Diante de Deus tanto o juiz, como o médico, como a professora, como a vendedora, como a doméstica, como o sapateiro, como o agricultor são iguais em valor e em dignidade. Deus não faz distinção entre classes. E digo mais, teremos muitas surpresas no céu. “Mas Jesus, chamando-os a si, disse-lhes: Sabeis que os que julgam ser príncipes dos gentios, deles se assenhoreiam, e os seus grandes usam de autoridade sobre elas. Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser ser grande, será vosso serviçal; E qualquer que dentre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos. Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Marcos 10:42–45).
Essa lógica do Reino de Deus é intrigante aos olhos do mundo. Só não pode ser aos seus, meu irmão. Precisamos entender que a nossa vida não termina aqui. O homem carnal busca um lugar ao sol, mas o novo homem nascido de Deus tem o seu lugar “muito além do sol”. Por que então engajar-se, de forma tão radical e quase com sentimento religioso por algo passageiro? Trabalhe, emprenhe-se, dê o seu melhor, mas, por favor, não confunda as coisas.
Enquanto trabalha, enquanto estuda ou se aperfeiçoa em algo, procure entender a vontade de Deus, e como você pode glorificá-lo no que faz. Seu trabalho nada mais é que um meio para viver aqui e nada mais que isso. A minha e a sua vida nova em Cristo é mais que um carro, mais que uma casa, mais que um título, mais que um nome, mais que dinheiro, mais que prestígios e nela Cristo será “tanto agora como sempre, engrandecido, seja pela vida, seja pela morte. Porque para nós o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Fp 1.19–24).
Termino minhas palavras com as palavras de Paulo a Timóteo. Pense nisto e veja se não estamos exagerando na forma de ver essa propagada “realização profissional” como o meio de sermos alguém na vida. Você não é especial porque alguém ou algo lhe conferiu tal título, mas você só será alguém quando permitir que Cristo arranque do seu coração esse desejo desenfreado pelos bens e aparência terrenos e colocar em você uma nova forma de viver a vida, seguindo a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência e a mansidão. Enquanto trabalha para sustentar sua família coloque Jesus como o Senhor no seu coração e não tenha em vista somente as coisas terrenas. Tudo isso aqui passará, mas a vida que Ele tem para nos dar é eterna, nunca há de passar.
“Mas é grande ganho a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão. Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas testemunhas” (1 Timóteo 6:6–12).
Lembre-se: O QUE VOCÊ FAZ NÃO O DEFINE. O QUE CRISTO FEZ POR VOCÊ É O QUE LHE DEFINE COMO PESSOA.
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Adna Barbosa

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