A Dádiva de Ser Irmão

17:49:00

Tenho cinco irmãs. Cresci cercada de amigas. Sim, nós brigávamos, disputávamos as mesmas bonecas e roupas, mas nunca precisei ter amigas fora de casa. Dia desses conversava com meu esposo sobre amizades. Tentei lembrar quem foi minha melhor amiga, mas não havia nenhuma, todas eram amigas por conveniência. Minha melhor amiga era minha irmã um ano e oito meses mais nova que eu. Éramos quase gêmeas. Vivemos juntas até que casei. Ela sempre me diz (brincando) que o meu esposo nos separou…

Tive outras irmãs. Outras quatro para ser mais precisa. Minha irmã mais velha exerceu e exerce uma influência sobre minha vida que não posso mensurar. Era quase uma mãe para mim. Ela até me corrigiu fisicamente quando foi preciso. Eu, na minha infância e adolescência, olhava para a vida dela como um espelho para a minha. E para minha sorte, ainda hoje posso contar com suas valiosas repreensões e conselhos. Tem as outras três. Cada uma delas foi importante para mim em determinados aspectos e momentos da minha vida.

E hoje tenho três filhos. Não há nada mais prazeroso para mim do que vê-los brincar juntos, ou ver minha mocinha mais velha ensinar aos mais novos tarefas da escola… Hoje eu entendo porque minha mãe insistia (e ainda hoje) para que permanecêssemos em paz. Cansei de ouvir minha mãe recitar o salmo 133 no meio de nossas disputas.

Pensando em mim e na influência que minhas irmãs tiveram na construção do meu caráter, percebo como é poderosa a influência de um irmão. Sua presença e palavras são fortes e podem erguer ou destruir nossas vidas. O certo é que nossos irmãos afetam toda nossa vida.
Claro, alguns irmãos são briguentos, outros depois que crescem desaparecem construindo outros relacionamentos. Alguns se dão bem, outros não. Mas isso faz parte de toda família. Usufruímos da alegria de pertencer, mas carregamos também o ônus muitas vezes bem pesados. E, na relação entre irmãos nunca ficamos livres desse vínculo, pois ele, entre outros, é o que nos deu direção na vida, seja para o nosso bem, ou para o nosso mal.
Podemos aproveitar esse maravilhoso vínculo para exercermos uma boa influência na vida dos nossos irmãos, como minha irmã mais velha tem feito até hoje. Claro, essa é uma via de mão dupla. É preciso ser e fazer para o outro aquilo que desejamos que se faça conosco. A regra de ouro ensinada por Jesus é uma das mais eficientes armas para obtermos o que desejamos para nós mesmos: “Como quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles” (Luc. 6:31).
Ensinar sobre o verdadeiro amor nos laços de irmãos é um desafio, mas, pensando no que recebi de minhas irmãs posso extrair as lições que quero ensinar para meus pequenos filhos:
1. O sucesso e aprimoramento do meu irmão deve ser tão importante quanto o meu. Tente colocar-se no lugar do outro sempre que possível. Se somente você pode ajudá-lo em determinado sentido ou tarefa, se você sabe que a sua ajuda será fundamental para o sucesso do seu irmão, não hesite! Sacrifique o seu tempo e energias pelo sucesso dele. Faça da felicidade dele uma prioridade em sua vida e assim seremos verdadeiros seguidores de Cristo. Lembre-se do conselho de Paulo: “Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros”. O apóstolo também escreveu: “O amor não pratica o mal contra o próximo” (Rom. 13:10).
2. Não espere retribuição. Seu ato de amor pode ser rejeitado, à semelhança do que homens fazem com Deus, todos os dias. Seu irmão pode desprezar sua ajuda e conselho, ainda assim, ame. O verdadeiro amor ama porque quer ver o bem do outro e pronto. Nem mais nem a menos. Mesmo querendo o melhor, você não pode forçá-lo a seguir o bem que deseja.

3. Ainda que tenha lhe magoado, perdoe. Você não precisa concordar ou gostar de tudo o que seu irmão faz. Aliás, alguns deles realmente farão coisas que você detesta. Mas, aprendi com meu pai, dia desses, que nosso amor deve ser como o de Cristo: assumir a culpa muitas vezes (mesmo sem ter culpa) em troca da reconciliação, da paz e da restauração não propriamente sua, mas do irmão caído. Isso inclui oferecer ajuda ao irmão ingrato, que mal lhe dirige a palavra, ou àquele que teima em criar problemas onde não existem.
4. Cuide sempre, proteja e dê a provisão. Seja o refúgio nas horas de dor e de necessidade. Esse cuidado inclui suprir tanto as necessidades físicas, como as morais e espirituais. Impeça tudo o que pode prejudicar e desviar o seu irmão do caminho reto. Seja aquele que vigia, que protege dos ataques do inimigo. Seja aquele que oferece conversas sadias que enobrecem o homem, aquele que levanta o ânimo em meio ao caos no mundo. O amor divino é santificador.
5. Trate-os com respeito e apreciação sempre. Não os diminua, quer presentes, quer ausentes. Aumente a beleza e alegria do seu irmão em suas palavras, encorajando-os à maturidade. Agradeça sempre os atos de bondade. 

E finalmente, pergunte sempre a si mesmo: “o que de bom estou transmitindo para meu irmão? Tenho sido um exemplo para sua vida? Tenho contribuído para o seu crescimento físico, emocional e espiritual em palavras e em ações? Sou um reflexo do amor de Cristo?”
Não é fácil ensinar sobre esse tipo de amor. Não é fácil desenvolvê-lo quando há disputas e discordâncias. Mas, como todos os outros relacionamentos que precisam do amor, não devemos esperar sentir isso… devemos ir e fazer! Romper com o orgulho que nos empurra para baixo. Seja aquela voz que guia, aquela presença que conforta, aquele ombro que suporta… Não perca a oportunidade de amar um pouco mais hoje. Escolha amar. Faça-os saber que você é o irmão que eles precisam.
(Adna S Barbosa)

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