Uma carta aos pais.

14:11:00

A responsabilidade de um pai é imensa. Dele se espera liderança e disciplina firmes, temperadas com amor e compaixão. Responsabilidade e trabalho árduo, motivados pelo desejo de servir. Presença constante, atendendo ao chamado mais alto que é o de ser pai. Criar filhos não é brincadeira. Mas eu sei que vocês se tornarão melhores como homens, depois que exercerem a paternidade responsável. Sempre foi assim e não é diferente hoje.

E aqui deixo o meu singelo pedido. Quero fazer-me porta-voz de algumas mulheres femininas, dilaceradas pelo estresse de querer cumprir seus papeis como mães, mas sentem-se divididas no desejo de formar uma família e ao mesmo tempo atender as pressões financeiras e as expectativas dos outros quanto a uma vida de sucesso profissional fora do lar.

Sua esposa precisa de você. Seus filhos precisam de você. Eles precisam do seu amor, do seu cuidado, da sua seriedade diante das responsabilidades da vida. Eles precisam da sua liderança firme, cheia de amor. Eles não se interessam tanto por um carro novo na garagem, quanto pelo seu tempo com eles. Se preciso for, diminua o ritmo, mas não abra mão do tempo investido no ensino, na companhia descontraída, na vigilância sábia. Não, eles não querem que você tenha tempo livre para ficar em casa sem fazer nada, ou gastando esse tempo com entretenimentos tolos. Eles querem ver o seu esforço no trabalho para prover o pão, mas querem também o seu tempo em casa, ensinando valores eternos. Estamos confusas. Nossos filhos estão confusos. Quando perdemos a voz, proteção e liderança de vocês, perdemos o rumo... Ganhamos dinheiro, status, brinquedos, roupas, viagens, mas perdemos a certeza na vida, o sentido de estarmos aqui. 

Algumas de nós não acreditam mais no homem porque não tiveram bons pais. Elas não acreditam porque a figura paterna que lhes foi passada era ausente, defeituosa, impura. Quando Deus os chama para serem o cabeça, o faz porque visa o nosso bem, como seres mais frágeis. Com vocês, está a força e a coragem necessárias para que nossa fragilidade encontre guarida. Vocês foram chamados para sacrificarem-se a si mesmos e representar o interesse da família. O mundo lá fora começou a exigir muito de vocês. A auto-negação em prol do bem comum familiar deixou de ser a virtude masculina, e o egoísmo e ambição pessoal passou a ocupar o lugar, tamanha era a competitividade nas fábricas e empresas. Muitos foram dirigidos pela ambição pessoal, pelo desejo de satisfazerem-se a si mesmos e nada mais. O dever foi substituído pela paixão, e todos nós afundamos. A família sucumbiu com esse modelo de vida egoísta, porque ser família é, antes de tudo, possuir uma visão orgânica de um bem comum que nos unifica.  


Eu sei, a agitação da vida fez vocês ocuparem um papel secundário. O papel de alguém ausente, ligado às coisas lá de fora, e isso nos afetou, como mulheres, esposas, mães e filhas. Deixamos de ser ajudadoras idôneas para sermos cabeça do lar, por causa da ausência constate de vocês. Isso nos sobrecarregou. Mais do que isso, ficamos confusas no ninho vazio, sem seus cuidados e conselhos. 

Deus deu a vocês, pais, o dever de ensinar no lar o temor do Senhor; deu-lhos também o dever da formação religiosa, moral e intelectual no lar, além de treinar os meninos nas habilidades manuais e profissões de adulto. Esse é o ministério de vocês, como pai, como cabeça. Mas com a ausência de homens responsáveis e provedores, ensinadores da verdade e guardiões da moralidade, nós, mulheres, assumimos esse posto. Por algum tempo nós aguentamos, mas nossas filhas não aceitaram esse modelo de vida. Coube a nós a difícil tarefa da guarda da moralidade no lar, tarefa confiada por Deus a vocês, pais, e não a nós. Cristo amou a igreja e entregou-se por ela, para a santificar e apresentar a si mesmo como igreja sem mácula. Da mesma forma, disse Paulo, os maridos devem amar suas mulheres, e por extensão, a seus filhos, tendo como meta o mesmo fim: a pureza deles (Ef 5.25-27). 

Nossa visão, então, ficou embotada. Da posição de liderança no lar, os pais passaram a ocupar uma figura meramente decorativa, e vil. Nossas mães passaram a ditar as regras da casa enquanto vocês as obedeciam, sem poder falar, visto que eram ausentes. Era comum assistirmos mulheres levando seus maridos bêbados para casa...Ah, quanto mal isso nos fez! Esta situação de extrema confusão, criou um ambiente perfeito para que o movimento feminista ganhasse corpo. 

Quando vocês saem do lugar divino, pais, o que nos sobra é confusão. Somos frágeis por natureza e só encontramos sentido na vida em aventuras compartilhadas com vocês. Quando vocês nos deixam, ficamos à merce das nossas próprias imaginações, e então, sucumbimos. Nesse cenário de ausência masculina no lar, passamos a vê-los como egoístas e cruéis. A única figura de bondade que nos restou foi a figura materna. Nossas filhas, então, atribuíram a virtude como uma qualidade feminina e os tacharam de maus, sensuais, rudes. Sem vocês como liderança amorosa no lar, a masculinidade foi pouco a pouco sendo apagada. Nossos meninos tornaram-se efeminados, e nossas meninas, mandonas. 

Perdemos a noção de liderança, de respeito pelo homem. O feminismo vem, então, para arrancar qualquer vestígio de bondade em vocês. Quando Deus nos disse em Sua Palavra que o marido deveria amar a sua esposa, e como consequência disso teria o seu respeito, Ele falava sério. A mulher perdeu o respeito, porque o lar estava vazio, sem o amor masculino. Homem e mulher estão tão profundamente entrelaçados nos seus papeis que qualquer desvio pode ser fatal. A integração do pai na família, ensinando os filhos e apoiando-lhes emocionalmente, e a participação da mulher em casa, como auxiliar idônea ao lado do homem, faz das pessoas, seres com propósito e significado nesta vida. 

No entanto, hoje somos obrigadas a ouvir de mulheres, algumas santas, que vocês, homens, precisam ser domesticados. Não, vocês não são seres animalescos. Para mim, queridos pais, vocês não são essa caricatura feia. Essa é a razão porque luto para que o respeito a vocês seja novamente  exercitado. Ser bom pai e bom marido é coisa de homem. Sacrificar-se pela família é atitude masculina. Amor, fidelidade e benevolência são características de vocês, porque Deus os fez assim.

Eu agradeço a Deus por ter conhecido dois homens que mudaram a minha história e delinearam minha visão sobre o que é ser homem. Meu pai, foi um homem batalhador, fiel e amoroso. Por causa de sete mulheres, saiu pelo Brasil afora, ganhando a vida. Eu estava lá, sempre olhando para ele. Integridade e fidelidade eram as suas marcas. Disciplina e amor regaram minha formação. E como eu era apaixonada por ele! Tanto amor eu nutria por ele, que não cogitava casar-me até quase os 13 anos! Para mim, isso era como uma traição. Achava que não encontraria homem como aquele. Mas, Deus me fez conhecer outro homem como ele. Casei-me e dei três filhos para que ele fosse pai. Descobri que meu pai não era o único pai neste mundo. E eu, que não sou boba, gosto de vê-lo exercer a paternidade: ensinando, cuidando, amando, purificando-nos pela Palavra. Como eu poderia dizer que homens são selvagens, e potenciais estupradores? Como eu poderia dar-lhes um lugar inferior, se vocês, pais, são melhores sendo o que foram feitos para ser: cabeças do lar?

Ah, meu desejo neste dia é que tenhamos mais pais. Mais homens que exerçam a paternidade pelos moldes bíblicos. É por isso que escrevo. É por isso que compartilho com vocês. Todos ganham quando ocupamos nossos lugares originais. Vamos reconstruir o lar com mulheres e filhos dando aos pais o lugar de honra. Pais, reconstruam o lar sendo para nós aquele padrão de liderança, amor e benevolência despretensiosa. 


Feliz dia do pais. Por mais pais líderes, amorosos e benevolentes, no lar.

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