Salvação dos ímpios no leito da morte

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Não são poucas as pessoas que com a morte de Olavo suscitaram a discussão da salvação no "leito da morte". Eu entendo e até acho normal desejar encontrar aqueles que amamos ou admiramos na eternidade. Mas há um aspecto sombrio nisso que nos faz recuar com medo de enfrenta-lo e é que sabemos ser verdade que Ele salva no leito da morte, mas também sabemos que Ele penetra no mais íntimo do coração e sonda as intenções, e pesa os sentimentos passageiros que surgem em momentos de dor extrema. Devemos sim pensar na longanimidade, misericórdia e compaixão divinas, mas também refletir sobre Sua justiça, sabendo que Ele é justo e pune os pecadores impenitentes justamente neste momento de separação entre corpo e espírito.

No leito da morte, nenhuma evidência ou fruto da salvação pode ser visto, e espera-se de um cristão que conhece as Escrituras ponderar não somente sobre o caráter misericordioso de Deus, mas também sobre sua justiça. É claro que é melhor viver nesta esperança do que pensar que a morte trouxe o juízo divino sobre a impiedade. Só que pensar assim pode aliviar os sentimentos de terror, mas trazem implicações sérias quanto à doutrina bíblica a respeito da vida cristã. Presumir que uma oração no leito da morte é a garantia da salvação põe por terra toda necessidade de arrependimento das más obras e a importância da vida santificada.

Deus é quem trata com o homem nas questões da salvação de forma individual e completamente misericordiosa. Mas não podemos esquecer de que Ele revelou sua vontade sobre a salvação e sobre ser salvo em Sua Palavra. Richard Hollerman diz que "não devemos apenas presumir que Deus descartará o que Ele já nos mostrou em Sua Palavra revelada sobre como alguém pode ser salvo, perdoado e nascer de novo. Nós não somos Deus e não temos o direito de fazer “exceções à regra” em relação à conversão e salvação. Devemos também lembrar que Deus é o Juiz e Ele sempre fará o que é certo. “Não agirá o Juiz de toda a terra com justiça?” (Gênesis 18:25b)."

Como justo, Ele punirá todos aqueles que escolheram viver dissolutamente, ignorando Sua oferta generosa da salvação em vida. Homens vão para o inferno, essa é uma doutrina bíblica. O certo é que aqueles que rejeitaram a salvação e foram endurecidos pelo pecado receberão a recompensa das suas obras, pois, se não fosse assim, nenhuma vida de santidade faria sentido. Enfretar esses sentimentos é escolher viver sob o mais alto desejo de possuir somente a Cristo como a realidade final dos nossos anseios. Asafe entendeu isso ao contemplar Sua beleza no santo templo: "Quem tenho eu no céu senão a ti? e na terra não há quem eu deseje além de ti."

O certo é que precisamos entender que mais do que ver nossos queridos no céu, nós veremos o nosso Criador e Senhor e que isso é tudo o que precisamos para conservar nossa esperança na eternidade. Não é pai, mãe, filhos ou pessoas queridas que nos interessam encontrar nos céus. Esses são sentimentos da terra e carne e sangue não herdarão o Reino dos céus. Jesus disse que quem ama pai e mãe ou filho mais do que a Ele não era digno dEle, ou seja, há um ponto em nossas relações terrenas no qual os sentimentos de afeição e saudade tornam-se pequenos demais para disputarem com a verdade revelada.

Lembro de uma mãe querida que teve seu filho assassinado porque estava envolvido com tráfico de drogas. Muitos a consolavam dizendo que ele poderia ter sido salvo antes do fatídico tiro. Eu me aproximei dela e disse: "Querida irmã, eu sei que é duro dizer, mas pela Palavra entendemos que o Senhor neste momento de dor testa seu amor por Ele. Deixar filhos por amor a Deus inclui saber que eles podem ser julgados pelos seus pecados com a morte. Inclui entender que Sua justiça não alcança somente os distantes, mas também a nós. Que isso deve despertar em nós o desejo de viver uma vida santa, temendo seu juízo."

A verdade que Deus é amor mas é também justiça deveria nos fazer sentar calados em temor, sabendo que a questão da “salvação no leito de morte” não deve ser encarada levianamente. Devemos receber a Cristo agora – enquanto há tempo e oportunidade – e não esperar por algum tempo futuro. O tempo da salvação é hoje (2 Coríntios 6:2b).

E quanto ao Olavo, não convém ao crente tentar aliviar o juízo que segue sua morte. Qualquer excessão a esta regra habita na profundidade do ser divino e não nos compete criar ensinos baseados nesse âmbito que não entramos. A única regra que nos rege é a Palavra revelada de Deus e ela me garante que pecadores no leito da morte seguirão para o mundo dos mortos para ter a recompensa de suas más obras. Não falo com alegria, mas com pesar. Deus não tem prazer na morte do ímpio e eu também não. Deus executa seu juízo com pesar e diante da morte Ele chora, como fez Jesus no túmulo de Lázaro.

Amar a Deus sobre todas as coisas inclui deixar nossos afetos terrenos no patamar inferior e jamais colocar os atributos de Deus revelados em uma condição duvidosa. Não negociamos com isso, nem que seja em favor dos nossos queridos. E, afinal, a quem queremos ver no céu? A quem desejamos mais do que tudo nesta vida e na vida do porvir? Não é Deus? Ele é amor e é justiça. Temamos a Ele, sabendo que Ele é também fogo consumidor.

Entenda, crente: Ainda que nossa carne e coração desfaleçam, Deus é a fortaleza do nosso coração, e nossa porção para sempre. Os que se alongam dEle perecerão; Ele destrói todos aqueles que se desviam dEle. E, enquanto vivemos, bom para nós é nos aproximarmos dEle, pôr a confiança no Senhor DEUS, para anunciar todas as Suas obras (Salmos 73:25-28).

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Adna Barbosa

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