500 anos da Reforma: Verdades para lembrar

08:39:00

500 anos de Reforma protestante. Não podemos esquecer esse dia e os inúmeros benefícios que esse avivamento trouxe para a história da Igreja. Saímos de uma condição de obscurantismo no que se refere às verdades de Deus, para o crescimento em sabedoria, na revelação do Espírito de Deus. Antes mesmo da Reforma homens e mulheres morreram, outros perderam status, posição entre os sábios que dominavam o mundo, porque não aceitaram a religião comercial, a autoridade idólatra de papas e todas as novas regras criadas pelos homens famintos pelo poder. Aliás, esse padrão se repete ao longo da história: desde a criação do homem vemos geração após geração nascer e renascer em meio às cinzas do pecado que arruinou nossa condição humana. 

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Que padrão é esse? Conhecimento de Deus e de si mesmo - dependência total de Deus e da Sua misericórdia - experimento do avivamento/santidade produzida naqueles que se sujeitam a Deus - propagação para as gerações - crescimento - dominação cultural - esquecimento de Deus e confiança em si mesmo e no seu intelecto - afastamento de Deus e da Sua lei - tentativas de uma construção cultural baseada em novas regras humanas para substituir as leis divinas (pecado original) - corrupção generalizada - desmoronamento moral, espiritual e político - até chegar novamente à condição de que somos fracos e completamente dependentes de Deus e da sua justiça para a restauração da humanidade.

Vejam, foi assim no Édem, foi assim com a família do patriarca Abraão, foi assim com os juízes e com os reis até chegar ao judaísmo dos tempos de Jesus: leis e mais leis, ordenamentos humanos e total distanciamento da lei divina; uma confusão e falta de entendimento das verdades divinas. Deus, na plenitude dos tempos, manda Seu Filho e Ele revela não somente aos judeus, mas a todos os homens, o grande amor de Deus pela Sua criação. Depois de Cristo, segue-se a Igreja. Começa com o avivamento, o derramamento do Espírito Santo que capacita os homens a sair dos termos de Jerusalém e os faz pregar a Palavra de transformação e restauração da humanidade. O mistério que estava oculto foi revelado em Cristo ao mundo, e pela fé, todas as famílias da terra, não somente os judeus, poderiam experimentar da nova vida.



Mas, nem todos aceitaram. O pecado ainda opera neste mundo. A profecia ainda não foi totalmente cumprida. Há algumas coisas a acontecer. E nesse tempo que nos resta, veremos ainda aquele mesmo padrão se repetir na humanidade. Quando abandonamos o primeiro amor, como fez a igreja de Éfeso, encontramos o rompimento com o padrão de santidade e integridade, tão caros à identidade do povo de Deus aqui neste mundo. E foi isso que aconteceu com a igreja, e que acontece ainda hoje quando não vigiamos e não colocamos à prova nossas motivações nem mantemos uma posição de humildade e comunhão com Deus. E então, Deus, na Sua misericórdia, envia homens e mulheres, e novamente restabelece a aliança, derramando o Seu Espírito e capacitando o homem a viver de forma diferente do padrão humano pecaminoso. Nesse momento, experimentamos um renascimento, um novo alvorecer que torna o homem capaz de transformar sua civilização e história. Muito se foi construído depois que Lutero aceitou o chamado de Deus e rompeu com as práticas pecaminosas, buscando a Deus incessantemente pela oração e súplica, e leitura detalhada da Palavra de Deus. Esse renascimento nada mais é que um retorno ao Édem, um retorno àquela condição primeira de dependência total de Deus e submissão a Ele, sem orgulho, sem razões próprias, sem força humana, mas sob o poder do Espírito de Deus. Um retorno à condição de novas criaturas em Cristo, porque Ele veio restaurar todas as coisas.

O Evangelho de Cristo consiste em duas realidades evidenciadas no batismo: morte e ressurreição. Morte para o pecado e ressurreição para a nova vida em Deus. O apóstolo Paulo explica isso com detalhes na sua carta aos Romanos (inclusive, o livro que inspirou Lutero a tomar decisões de vida que mudariam os rumos da história). Essa realidade interior é a razão de ser da Igreja. Sem ela, tudo não passa de exercícios mentais ou externos para alcançar poder e valor diante dos homens. Infelizmente, é isso o que acontece quando esquecemos a cruz e nos apegamos às obras. Nossa natureza humana é feita em buscar os méritos para si mesma, e é por isso que a religião sempre satisfaz anseios humanos na busca da salvação pelos méritos próprios. Mas o Evangelho é mais do que uma religião institucional. O Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo e qualquer homem que humildemente reconhece sua condição de perdição diante de Deus.

Por isso é que precisamos ter cuidado conosco! Precisamos até mesmo ter cuidado com nossas reformas, se elas se tornam terreno fértil para o orgulho em vez de humildade e submissão ao senhorio de Cristo. Hoje, nesse tempo pós-reforma, infelizmente, experimentamos um esfriamento daqueles que dizem se apoiar nos pilares da reforma: há uma vaidade pessoal enraizada, um desejo de se conseguir o respeito dos outros a todo custo. E nesse desejo, muitos são impulsionados pelas motivações humanas e não mais submetem suas mentes e corpos à Palavra de Deus para que Deus os use para serviço e crescimento de outros. Chegamos em um ponto em que podemos ocupar as tribunas e defender a fé cristã, mas a mensagem é pouco convincente porque não vem acompanhada das práticas cristãs que evidenciam aquela verdade pregada e defendida. O Evangelho é, acima de tudo, o poder para transformar realidades decadentes, com uma mensagem de fé e esperança, e não um refúgio particular, para onde corremos quando queremos nos sentir bem.

Queridos, nesse dia, façamos uma oração: roguemos ao Senhor que o Seu Espírito seja todos os dias derramado em nós, capacitando-nos a viver uma vida de poder, a viver a vida de Cristo nesse mundo e que jamais sejamos presa de nós mesmos, daquele pecado secreto, o orgulho, que tenta nos seduzir e conformar-nos a este mundo caótico. Somos, como Igreja, coluna e firmeza da verdade. Há uma dimensão espiritual que nos cerca e nos torna capazes de viver nesse mundo caído sob a realidade da eternidade. Foi esse Evangelho que foi pregado à Abraão, antes mesmo das leis judaicas e que foi vivido perfeitamente em Cristo, demonstrando ao mundo o que era de fato os mandamentos divinos para o homem. Leia o Sermão da Montanha, os discursos nos sinédrios, a vida dos primeiros crentes... eram vidas de renúncia em prol do outro e de sacrifício pela verdade absoluta recém encontrada e que, mais do que uma ideia a se defender, era capaz de mudar suas vidas, tocando outras vidas com o amor de Deus.

Para aqueles que um dia foram Igreja do Senhor, mas abandonaram o primeiro amor, diz o Senhor: "Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres" (Ap 2.1-7). Eu acredito no juízo de Deus, mas também acredito no Seu amor e misericórdia. Se igrejas que um dia foram o berço do Evangelho abandonarem as práticas que as distanciam de Deus, Ele as perdoará e novamente derramará do Seu Espírito. Mas não antes do arrependimento e abolição total das práticas pecaminosas. Se o mundo nos vê praticando aqueles mesmos pecados e concordando com o mundo, nada mais resta para este povo do que ser pisado pelos homens. É sal insípido. A mensagem do Evangelho só terá poder se for mais do que uma religião de obras e de intelectualidade vazia, mas uma demonstração de vida, de poder que transforma realidade pelo amor da cruz de Cristo.

Concluo minhas palavras com as palavras do apóstolo Paulo ao obreiro Tito:

"... a graça salvadora de Deus se há manifestado a todos os homens, Ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa, e piamente,Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo; O qual se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniqüidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras" (Tt 2.11-14).


Meu desejo é que nunca, jamais, encontremos nesse mundo o nosso lugar de descanso. Há um lugar maravilhoso que nos espera. É para lá que iremos. Sigamos as pisadas de Jesus, e esperemos com fé na última profecia a se cumprir. Ele vem. Maranata! Ora vem Senhor Jesus!

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