O sarcasmo do Guzzo no Brasil do analfabetismo funcional

21:38:00

Eu não entendi até agora o porquê de tanto barulho por causa do texto "Essa Gente Incômoda", do J. R. Guzzo. Sim, eu sei, ele pode ser completamente contra o crescimento dos evangélicos no seu íntimo. Mas devemos discutir o texto e não conclusões precipitadas a respeito da vida do escritor. Usar o argumento que apela para a personalidade é apenas um fraco caminho para desviar-se das próprias questões elucidadas no texto.

Sinceramente, li muitas verdades ali. Algumas podem até suscitar nossas decepções com este mundo caído, como a que somos inconvenientes. Mas, afinal, não é isso mesmo que somos? Não foi isso que Jesus pregou? Não é essa a nossa mensagem domingo após domingo? Por que nos incomoda ouvir de um deles o que pregamos? Quando ele diz que são as nossas convicções a causa do desprezo, apenas repete o que foi dito por Jesus.

É de se entender essa confusão na mente dos ofendidos. Infelizmente, o evangelicalismo brasileiro sucumbiu aos apelos dos mercenários e abandonou as "primeiras obras". Na maioria dos templos o que se ouve são chavões, frases prontas e pouquíssimo conhecimento das Sagradas Escrituras. E sabe-se que as habilidades da compreensão da língua vêm pela constante exposição aos textos bem escritos e linguagem oral bem falada. Não há livro que mais possa estimular isso do que a Bíblia. O que é lido em nossos cultos e nas nossas casas, o que vemos e ouvimos determinarão como escrevemos, falamos ou compreendemos. Mas o que há em muitos púlpitos é uma mensagem com linguagem infantil, sem o verdadeiro conhecimento que emana da Palavra.

Não, eu não quero dizer que é preciso falar rebuscado, ou pregar temas controversos da alta classe intelectual evangélica. Eu falo do pregar com clareza, usando a nosso favor os argumentos lógicos em defesa da verdade, como Jesus fez em todo o tempo que esteve aqui (leia os evangelhos e verá). O pensamento claro nos faz discernir a verdade do erro, ou a ironia do sentido literal.

Estamos tão ofendidos com as constantes acusações dos que fazem a elite intelectual do Brasil que já nos armamos contra determinados termos usados para nos denegrir. Palavras como reacionários, machistas, homofóbicos, fanáticos soam, normalmente, em muitas preposições dos "formadores de opinião" brasileiros como ofensa aos evangélicos. Mas é preciso entender que as palavras isoladas não podem determinar o sentido ou a intenção do escritor, elas não carregam valor moral isoladas. As palavras só têm sentido quando harmonizadas em sentenças, ou frases. Estas sim podem nos dizer se é boa ou má a motivação do escritor.

Infelizmente, estamos perdendo a guerra cultural aqui no Brasil porque nos preocupamos mais em discursar no congresso, sair na tevê, aumentar as cifras de um mercado editorial empobrecido, pregar mensagens emocionalmente carregadas a respeito de um evangelho barato. Essa é a verdade. As armas que Deus nos deu não são carnais, mas poderosas em Deus para destruir os argumentos do mundo e todo o orgulho que se levante contra o conhecimento de Deus. E não fica por aí. Devemos levar todo pensamento à obediência de Cristo (2 Co 10.3-5). Mas se não conseguimos sequer entender a lógica das palavras harmonizadas em um texto, como levaremos cativos os pensamentos dos incrédulos? Quando criticamos um texto porque visualizamos nele palavras que normalmente nos ofendem, oferecemos lenha para a fogueira dos que nos chamam de rudes (acusação constante no texto, ainda que indireta).

O texto do Guzzo foi a pedra clamando no mundo onde se abafa os louvores ao Cordeiro. Ele fez o que deveríamos fazer: enfrentar essa cultura desmascarando suas falsas palavras, derrubando as falsas declarações com a verdade a respeito do que é o Brasil. O sarcasmo empregado não viria naturalmente de um verdadeiro evangélico, porque manejamos essas ferramentas com cuidado, para não afastarmos aqueles que desesperadamente precisam da mensagem que pregamos. Deus, assim, sacode as pressuposições dos ímpios sem expor seus servos. Ainda bem que não fui eu, ainda bem que não foi você os escritores daquele texto. Neste mundo, Deus usa pedras para que de modo inconsciente sirvam ao povo de Deus.

Trocando em miúdos, o que o JR Guzzo quis dizer é que somos tão livres para viver nossas crenças como são livres os que a rechaçam, que não é pecado violar o código politicamente correto do mundo artístico e intelectual brasileiro. Afinal, a maioria brasileira é composta por um povo do "tipo moreno", ou "brasileiro" (entendam a ironia) e não se pode impor a todos o pensamento de uma minoria que se vê no direito de ofender a todos, mas que não dá o direito aos seus oponentes de pensar diferente. Ele mostrou como a linguagem politicamente correta é ambígua quando exige tolerância ao irreverente mas condena cruelmente o reverente.O texto foi uma exposição de como os oponentes dos evangélicos usam e abusam da contradição de termos em suas bandeiras. O que ele fez foi desmascarar os falsos raciocínios a respeito dos evangélicos, expondo-os ao ridículo.

Parece que precisamos de mais Bíblia e de mais conhecimento dos recursos linguísticos do nosso português para não mais cometermos erros de raciocínios.

Fica um motivo de oração: que Deus nos use para elevar o raciocínio de nossa cultura, para que não sejamos ridicularizados por ela. Como dizem: Jesus veio para tirar seu pecado e não a sua inteligência.

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