Uma palavra sobre política

08:03:00


Aqui está mais um podcast e desta vez vou falar sobre o assunto que mais agita os últimos dias. Vamos falar sobre política! Este podcast é um especial sobre esse assunto. A agitação política se estabeleceu mais intensa após a última votação. O segundo turno está chegando, e encontramos em todos os cantos mensagens de pastores, líderes de igrejas, parentes, amigos convocando-nos à guerra. 


Há, segundo a maioria dos evangélicos, uma declarada guerra entre o bem e o mal, entre Deus e o diabo. Orações e jejuns foram encorajados e muitos estão de joelhos, orando por nossa nação. E, de fato, estamos numa guerra. Mas esta guerra não começou agora, nesta história recente do Brasil, nem tão pouco trata-se de uma guerra entre evangélicos e ímpios. A guerra é a mesma desde que Eva foi enganada pela serpente. Os dias passados não foram melhores do que os nossos. Somente os que desconhecem a história acreditam que nossos dias são os piores de todos os tempos. Somente os que não leem a Bíblia é que ficam aterrorizados com o que vemos hoje. 


Jesus, no capítulo 24 de Mateus, falou sobre os dias que antecedem a sua volta.

Enquanto caminhava em Jerusalém, os discípulos admiravam a estrutura do templo. Ele, que tinha uma visão completa da história bem diante dos Seus olhos, jogou água fria nas emoções deles e trouxe a triste mensagem: “não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.”

Eles ficaram curiosos e quiseram saber quando isso ia acontecer. A resposta dele foi: “Acautelai-vos, que ninguém vos engane, porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos. E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares. Mas todas essas coisas são o princípio das dores. Então, vos hão de entregar para serdes atormentados e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as gentes por causa do meu nome. Nesse tempo, muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se aborrecerão. E surgirão muitos falsos profetas e enganarão a muitos. E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos se esfriará. Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo. E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então virá o fim."


“Então virá o fim!”. Vejam quantas coisas acontecerão antes! Tudo o que vemos são prenúncios da Sua volta, mas não é o fim. A pergunta é: e como então devemos viver neste presente século? O que Ele quer de nós como igreja?”


A resposta é simples: Ele quer que impactemos o mundo com nosso testemunho, cumprindo o ide de fazer discípulos em todas as nações, sendo sal e luz no mundo. Isso vai além do puro envolvimento com a política e não passa por conquistar o governo das nações. Isso carrega dentro de si uma revolução silenciosa, mas poderosa. Sim, ela pode chegar no topo do prestígio humano, mas também permanece com igual valor nas camadas mais baixas da sociedade.


E o que a Bíblia fala sobre isso? Será que podemos aprender sobre política com ela?


No Antigo Testamento, Deus levantou nações ímpias para castigar seu povo. Ao mesmo tempo, Deus levantou profetas, homens cheios de amor, para pronunciar o julgamento. Estes homens não invadiam palácios, não agiam com violência, não empunham armas.

Um deles disse a Israel: “vocês devem se entregar ao inimigo”. Seus patriotas o chamaram de traidor da pátria. Este foi Jeremias, aquele profeta que, ao pronunciar o juízo, o fazia chorando pelos seus irmãos. E aqui já temos uma lição: Somente homens chorando têm o direito de pronunciar o juízo divino. Oséias experimentou na pele o que é lutar pelo bem do seu povo, sofrendo. Jesus derrubou as mesas do templo porque Ele mesmo morreria por cada cambista. Todos os profetas do Antigo Testamento e os missionários do Novo, falavam das verdades de Deus e estavam dispostos a morrer por elas. Mais do que isso, a morte deles acontecia como resultado do compromisso que firmaram com Deus de cumprir o Seu ide, pregando em todo o mundo. E daí nós aprendemos que somente os que estão dispostos a dar suas vidas pela mensagem do Evangelho com vistas a salvação do pecador é que podem atuar como cristãos no mundo.

E por falar nele, encontramos nos evangelhos que Jesus não se iludiu com herodianos, fariseus, saduceus, zelotes, romanos - as facções políticas de sua época. Os Evangelhos ora mostram Jesus agindo aparentemente contra Roma, e em muitas outras vezes contra os judeus.


... (este trecho está no podcast)


...Hoje, é algo diferente do padrão deixado por Jesus. Em vez do “ide” e fazei discípulos, temos um “ide e fazei inimigos”. Sim, estamos indo, mas não estamos fazendo discípulos. Não sou adepta do pacifismo, e não vejo o Evangelho como ferramenta para atrair pecadores sem confronto. A questão é que o nosso confronto não é de natureza espiritual, pois se fosse, as armas e a postura seriam outras.

Jesus não nos deu falsas esperanças. Ele disse, no texto que li, que seríamos odiados de todos por causa do Seu nome. Ele não nos disse que teríamos hegemonia. E, mais irônico ainda, é que Ele disse que deveríamos ficar felizes com isso! Ele disse: “Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus”. Lloyd-Jones diz que esta bem-aventurança segue-se imediatamente à alusão aos pacificadores. "É em vista do crente ser um pacificador que ele é perseguido. Vejam, é ter um espírito pacífico antecede a ter um espírito que anseia pela justiça. Isso nos revela grandes verdades a respeito da natureza e do caráter da vida cristã!. “Bem-aventurados os pacificadores”: e: “Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça”. Quando o crente mostra ser um pacificador, esse é o resultado que ele colhe.


... (este trecho está no podcast)

 

No Brasil, o número de evangélicos cresceu, mas isso não quer dizer absolutamente que os princípios cristãos necessariamente estão prevalecendo em nossa nação. A qualidade do nosso cristianismo é fraca, muitas vezes até mesmo anti-evangélica. O resultado desse cristianismo teórico é que sua força transformadora enfraqueceu. Mas a intensidade ideológica e a fragmentação aumentaram no nosso meio. Pouca Escritura, muita filosofia política.

 

Hoje, a fé cristã é muito fervorosa, mas não no sentido espiritual. O fervor religioso que deve pulsar nosso coração não pode ser transferido para questões políticas. Muitos irmãos querem o bem-estar aqui mesmo na terra. O que no tempo dos nossos avós era crença religiosa, hoje é crença política. Mas o espírito cristão é bem diferente do espírito político. Os dois formam uma combinação muito ruim porque a política, em geral, opera em princípios muito diferentes dos cristãos. Esse espírito estimula a raiva, a violência, a divisão, o ódio, a má vontade e isso não é cristão! Os crentes não estão elevando a política, como afirmam muitos aqui, mas rebaixando o cristianismo a ela.



... (este trecho está no podcast)

 

A fé brasileira, ao que parece, é tão fervorosa como sempre; é que o que antes era uma crença religiosa agora foi canalizada para a crença política. E o pior, essa crença religiosa foi mesclada com a crença política. Mas, como vimos, o espírito cristão muitas, muitas vezes anda na contramão do poder que há no mundo. Tanto é que Jesus disse: "o meu Reino não é deste mundo" - para citar as palavras do fundador do Cristianismo. 


 

Então, você pode perguntar: “devemos deixar as coisas como estão, não nos engajarmos politicamente?” Não, eu não acredito que a política seja do diabo. 

Eu acredito que há evangélicos bem intencionados que falam e agem sinceramente buscando estabelecer a verdade. Já vi tantos irmãos que vêm a mim com os olhos brilhando, desejando que o Brasil "dê certo" e encontro em muitos deles sinceridade. Outros, com os quais convivo e dos quais conheço o testemunho, aceitam participar da política para enfim realizarem seus sonhos, mas faltam-lhes a desconfiança de Cristo!

Vejam o que o evangelista João escreveu a respeito de Jesus quando ele começou a atrair a simpatia do povo: "...o próprio Jesus não se confiava a eles, porque os conhecia a todos. E não precisava de que alguém lhe desse testemunho a respeito do homem, porque ele mesmo sabia o que era a natureza humana." (João 2:24‭-‬25 ARA).

Jesus sabia o que havia no coração do homem. Ingenuidade nunca foi uma virtude estimulada na Bíblia. Aliás, o livro inteiro de Provérbios chama de simples, tolo, néscio, falto de juízo, inexperiente as pessoas ingênuas. Elas até têm sonhos legítimos, têm garra para lutar, mas falta perspicácia para viver entre os lobos. Jesus nos alertou que seríamos como ovelhas no meio de lobos e logo advertiu: "acautelai-vos!"  Pedro avisou sobre os líderes que nos acalentariam como faz o vendedor ardiloso quando quer vender produtos com palavras mentirosos, tudo para tirar vantagem de nós. Pessoas assim não temem a Deus, vivem na prática do pecado, mas precisam de nós para aumentarem seu poder.


... (este trecho está no podcast)


Infelizmente, temos escandalizado o nome do Senhor toda vez que xingamos as pessoas, que usamos da força do braço para convencer. Não é assim. Deus usa seus servos em todos os lugares: os Danieis no palácio (com muita sabedoria e pouco barulho), os Ezequieis no meio dos exilados (estes experimentam um contato espiritual maior com o Senhor) e aqueles que permanecem na cidade desolada, como Jeremias (aqueles que estão experimentando na pele os efeitos da destruição do inimigo, os que sofrem desemprego, doenças, tragédias provocadas pelos anos de punição). Onde você está? Deus tem estratégia espiritual para cada grupo.


... (este trecho está no podcast)

 


Tenhamos cuidado com as orientações de milhares de pensadores não-convertidos. Homens e mulheres que não sabem o que é “sentir as próprias misérias, lamentar e chorar”. Homens e mulheres que estão em busca apenas de mais seguidores e admiradores que se converterão em eleitores. Aqueles que usam afronta com afronta, calúnia com calúnia, palavrão com palavrão, briga com briga. Deus não nos chamou para isso.


Nossa guerra aqui, meus irmãos, não é contra as pessoas, mas contra o pecado. Precisamos ter muito cuidado para não misturarmos assuntos políticos com os de fé. Admiro muito Daniel e seus amigos. Eles souberam viver no meio dos babilônios com sabedoria e fé, sem no entanto, provocarem tumultos ou guerras religiosas. As pessoas do mundo precisam nos ver como Igreja de Deus, coluna e firmeza da verdade, embaixadores do céu e não como anti-grupos específicos. Lutamos contra o pecado, mas clamamos pelas vidas.



... (este trecho está no podcast)



O cristianismo que aceitei age na cultura trazendo à razão pessoas comuns, dando-lhes senso de responsabilidade e dignidade, fazendo-os voltar os olhos para si mesmos e para a cura dos seus próprios males. Limpa primeiro o copo interiormente para só então limpá-lo exteriormente. E então, professores, médicos, mães, empresários, comerciantes, artistas, comunicadores levam para onde estão o poder de uma vida transformada.


E como em todo o ajuntamento de pessoas, haverá pessoas habilidosas com as causas do povo que se levantarão para discutir assuntos do interesse das coisas daqui. Eles sabiamente conduzirão suas vidas pautados na verdade do Evangelho legislando, julgando ou administrando as coisas do povo com justiça e retidão.


Isso tudo é possível desde que estejamos comprometidos primeiramente com o Reino de Deus e com a sua justiça, vigiando em todo o tempo para que as seduções do mundo não nos atraiam a ponto de perdermos de vista o eterno por causa do temporal. Todas as áreas humanas de atividade, desde que honestas, podem e devem ser ocupadas por crentes sérios. Mas, não devíamos privilegiar umas e outras. Devíamos antes, como igreja de Deus, pregar o genuíno Evangelho que transforma ladrões, prostitutas, adúlteros, homossexuais, religiosos idólatras ou quaisquer outras classes de pecadores. Lembrando sempre que o Reino de Deus não é daqui e que somente quando Ele nos buscar é que teremos satisfeitas nossas ânsias pela verdade, pureza e justiça.

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Finalmente, irmãos, daqui a alguns dias estaremos decidindo o próximo governante do nosso país, bem como do governo estadual. Do que temos, fiquemos com aquelas que mais se aproximam dos nossos princípios cristãos. O presidente Bolsonaro não é Messias, mas pode ser uma ferramenta de Deus nos próximos quatro anos para nosso alívio nas questões de liberdade. Mas, não esqueçam de que nenhum deles vai trazer o Reino de Deus, nem ponham neles essa confiança. Nós é que,  dependendo da escolha, teremos mais oportunidade de avançar o Reino de Deus no Brasil.  Nós, os crentes, poderemos ter um período de trégua para assentarmos as bases de uma visão cristã mais sólida, de um evangelho mais comprometido com as vidas, em vez do poder humano. É esse o ponto e somente esse. Votar em Bolsonaro com o ímpeto religioso e não aproveitar esse tempo para viver e espalhar a verdade não terá proveito algum.


Isso é o que nos falta. Menos visão política e mais visão do Reino. Bolsonaro não poderá fazer nada além de facilitar o avanço do Reino de Deus. Nós, os Neemias de Cristo, é que devemos aproveitar o tempo e arregaçar as mangas para reconstruir os muros, ensinando nossas crianças e jovens, atuando nos espaços públicos e privados, estimulando os anciãos a compartilharem sua sabedoria e promovendo o verdadeiro papel da mulher no mundo, assim como estimulando os homens a agir sabiamente nas portas da nossa cidade. Sabendo que, dias difíceis virão e quem sabe se essa não é uma porta para avançarmos em todas as esferas da vida levando os princípios do Reino de Deus?


Por isso, votemos com essa consciência de que ano que vem pode ser um ano de misericórdia do Senhor para com Seu povo e um novo começo para nós. O começo de um compromisso maior com Deus e com Seu Evangelho, deixando de lado a superficialidade da vida, o engajamento vazio e sem proveito, levando cativo TODO entendimento a Cristo.


... (este trecho está no podcast)


E, se você discorda de mim, peço que examine as coisas de diferentes ângulos e perspectivas, entendendo que a verdade tem outra face que é a misericórdia. Não se permita ficar tão profundamente apegado às suas opiniões que favorecem somente o que você acredita. Apaixonar-se por suas opiniões o cegará para a verdade, a verdade que está além de você.

Ao contrário do que impera no nosso Brasil hoje, um espírito autocrítico não induz à paralisia. A crítica vem porque não acreditamos em homens infalíveis. Esforce-se para ser seu melhor crítico. Desconfie de você e de sua capacidade para fazer o mal. Pense por você mesmo. Nunca terceirize esse trabalho. Evite o conformismo e o pensar com a maioria. De fato, aprenda a ter medo quando vir esse comportamento reinando. Estar com a maioria é o caminho para o inferno. Não seja um idiota útil. Não seja idiota de jeito nenhum, nem de "direita", nem de "esquerda". Lembre-se de que a multidão geralmente está errada. A história está repleta de exemplos trágicos.

Lembre-se constantemente de que, embora a desgraça ou os homens maus possam nos roubar, eles não podem tomar algo inestimavelmente precioso: nossa integridade. Isso é algo que está inteiramente em suas mãos e sob seu controle. Ah, e outra dica: Ensine bem seus filhos. Isso fará toda a diferença para o futuro do nosso país.



... (este trecho está no podcast)


Precisamos, como cidadãos do céu, não sermos identificados apenas por aquilo que criticamos: ideologias, escolas como lugar de doutrinamento e distanciamento dos pais das suas responsabilidades naturais, e coisas semelhantes a estas. Precisamos oferecer  algo melhor do que simplesmente opor-se ao que é errado. Precisamos “vencer o mal com o bem” trabalhando nos lares em prol do nosso país, não somente nos ambientes públicos  (Rm 12.21). Somos, claro, chamados para arregaçar as mangas e buscar resultados na justiça e na política, na ciência e no ensino, na arte e na música – e em tudo na vida.

Somos agentes da Sua graça salvadora, mas também da bênção que Ele tem para nossa nação. Fazer política é, para o cristão, convencer as pessoas por meio da palavra cheia de sabedoria e prudência e, principalmente, pelo exemplo de vida. Mas isso não deve estar limitado aos dias que antecedem às eleições. Os resultados devem ser buscados todos os dias na vida daqueles que se dispuseram a brilhar no mundo, tornando-se pessoalmente padrão de boas obras ao mostrar integridade entre o que ensinamos e fazemos, reverência em todos os aspectos da vida, no desenvolvimento de uma linguagem sadia e irrepreensível. Desta forma, o adversário será envergonhado e não terá nada que dizer a nosso respeito. Esta é a grande comissão cultural - a chamada para criar uma cultura debaixo do senhorio de Cristo.


... (este trecho está no podcast)


Fomos, como nação, desobedientes, abandonamos nossos filhos e famílias para buscarmos a nossa própria satisfação, muitas vezes nos enganando ao  dar aos nossos desejos falsas motivações de nobreza. E agora, estamos todos orando em casa e nas igrejas, fazendo aquilo que nunca deveríamos ter deixado de fazer. Essa é uma convocação do Senhor. Ele está chamando a nossa atenção, voltando o nosso olhar para o lugar onde Ele quer começar a trabalhar a transformação: nas casas e nas igrejas locais. Ele voltará e um dos sinais do grande e último avivamento é que o "coração dos pais se converterão aos seus filhos" e isso só pode acontecer no lar. Quem é sábio entenderá esse despertar de Deus.

Nosso país está passando por uma fase muito difícil. Como igreja devemos interceder pela nossa pátria terrena. Deus nos colocou aqui para isso.


Oremos pelo Brasil. Ele tem poder para nos salvar.





Adna Barbosa

femininamulher.com.br 


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