"O amor... não busca os seus próprios interesses"

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Ouvi de um querido pastor que anos passados a forma escolhida para demonstrar a transformação que o Evangelho havia operado na vida do crente era pela prática do amor no dia a dia, principalmente para com aqueles que ofendiam, insultavam e manchavam a fé cristã.


Não muito longe, lembro das histórias do meu avô que era bem de situação antes de converter-se para Jesus. Ele perdeu tudo o que tinha ao noticiar sua nova escolha. De cidadão comum recebeu os títulos pouco nobres: "bíblia”, “bode”, “crente”, “missa-seca”, “nova-seita”. Ele era ferreiro no interior do Ceará e muitas pessoas das regiões vizinhas vinham até ele para contratar seus serviços. Mas ele perdeu tudo. De uma hora para outra viu seus recursos esvaindo-se. Minha avó era uma mãe com muitos filhos. Por diversas vezes teve que suportar a fúria dos religiosos de sua cidade, correndo risco até de morte. Meu pai lembra da sua infância naquela cidade como sendo ridicularizado por autoridades religiosas daquele lugar. Mas, a despeito de tudo isso, eles venceram. Como? Pagando o mal com o bem. 


Uma vizinha adoecia, ela oferecia os cuidados. Um conhecido precisava de comida ou roupas, ela costurava e supria as necessidades mesmo sem ter para si mesma. Diante da oposição de uma cidade inteira, eles pregaram o Evangelho retribuindo com o bem aqueles que lhe davam o mal. Foi assim que ela e meu avô levaram a mensagem do Evangelho: na prática, amando os inimigos, dando a face ao que fere, caminhando a segunda milha...

E hoje? Como refletimos no dia a dia esse tipo de amor divino, que é essencialmente doador?

Confesso que tenho vergonha de mim e de minha geração. Somos essencialmente egoístas. E ser egoísta é estar no lugar mais baixo que o pecado pode levar. O egoísmo é a razão do pecado e da destruição das nossas faculdades mentais criadas por Deus. Pensamos só em nós, nos nossos direitos. Mas...

"O amor... não busca os seus próprios interesses". Que linda expressão sagrada! O verdadeiro amor - aquele que é a base da vida, da lei, das relações - não é egoísta; não busca a sua própria felicidade exclusiva ou essencialmente; não busca a sua própria felicidade em prejuízo da felicidade e bem-estar dos outros.

Mas não é isso o que aprendemos dos pais da nossa geração, dos mestres, da vida. O incentivo é: cresça, prospere, avance, ainda que em detrimento de outros, semelhantes à você. Mas não há verdadeira prosperidade e sucesso onde há egoísmo. Apenas um sentimento vazio e mesquinho de efêmera glória, que não preenche as ânsias do nosso ser, que foi feito à imagem desse Deus e que é, acima de tudo, AMOR.
Frederick George Cotman - One of the Family
Pensando nisso, Deus não fez o homem sozinho, mas deu-lhe a mulher, e à mulher deu filhos. E dessas relações fez a família. Portanto, a família é o melhor lugar para exercitarmos esse tipo de amor. Para os solitários, Deus deu a Igreja para que nela exercitassem o amor doador, que trabalha em prol do Reino dEle e da Sua justiça. Vivemos para glorificar a Deus, nosso Salvador, e realizar o grande projeto de vida idealizado por Ele.

Se não amamos a família dada por Deus, e não nos entregamos por ela, aquela que deveria ser a base das nossas relações no mundo, antes, procuramos nossa própria realização e sucesso, que tipo de mensagem queremos transmitir ao mundo? Por isso mesmo Paulo recomendou a Timóteo: "se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel" (1 Timóteo 5:8).

Se a nossa felicidade e satisfação pessoal é a coisa principal, isso prova o quão egoístas somos. O verdadeiro amor por Deus vai levar-nos a procurar o bem-estar com sacrifício pessoal, e abnegação, e trabalho. E isso não será um peso, mas um fardo suave, porque o nosso Criador sabe o que é melhor para nós. Ele sabe que o amor doador é a chave para o verdadeiro sucesso. Mas, sob a influência do pecado, cegos pelo príncipe deste mundo, teimamos em não acreditar que a vontade dEle é BOA, PERFEITA E AGRADÁVEL. Mas é. E o primeiro passo é pela fé, pois sem fé é impossível agradar-Lhe.

O sentido do texto de 1 Coríntios 13 é, portanto, que um homem sob a influência do verdadeiro amor e da verdadeira religião não faz da sua própria felicidade a coisa principal; ele não torna escravo tudo o que faz ao desejo de ser feliz; ele procura o bem-estar dos outros, e deseja promover a sua felicidade e salvação, mesmo com grande sacrifício pessoal e auto-negação.

A evidência do amor é a doação. É dar. Deus amou, por isso Ele deu Seu Filho... Não há uma partícula de egoísmo no amor verdadeiro. Ele busca o bem-estar dos outros, e de todos os outros. Isso é o que a verdadeira religião irá produzir, e é evidente em todos os lugares no Novo Testamento; e, especialmente, na vida do Senhor Jesus, cuja biografia toda é compreendida em uma declaração expressiva "o qual andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele" (Atos 10:38).

Podemos resumir esta declaração conforme fez "Barnes' Notes on the Bible":
(1) Nenhum homem que é um verdadeiro cristão vive só para si; ou quem faz da promoção de sua própria felicidade e salvação o negócio principal de sua vida.
(2) Todo verdadeiro cristão nega-se a si mesmo; e estará disposto a sacrificar seu próprio conforto, tempo, riqueza e facilidade, para fazer avançar o bem-estar da humanidade.
(3) Se vivêssemos sob a influência deste princípio, há muito que o mundo inteiro teria sido convertido. Quando todos os cristãos fizerem seu grande objetivo de vida "não" procurar o seu próprio bem, mas o bem dos outros; quando a verdadeira caridade ocupar o seu lugar adequado no coração de cada criança que professa a Deus, então este mundo vai ser rapidamente convertido ao Salvador. (Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros. João 13:35).

Pensemos nisso. A mensagem do Evangelho pode ser poderosa, se a vivermos no dia a dia.


Que o ano de 2016 seja um ano de doação e entrega de nossa parte, dentro do nosso lar e para aqueles que nos cercam.

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(Adna S Barbosa)

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