Meditações de uma mãe na oração sacerdotal de Jesus | Parte 3

06:36:00


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"Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste" 


11. É nosso dever proteger nossos filhos do pecado e do mundo. Uma das funções parentais mais importante é a proteção. Quando temos filhos, ficamos em alerta com quase tudo em nossa volta: tomadas, fogão, quinas de mesa e objetos pequenos passam a ser terríveis ameaças. Temeríamos aquilo que mata o corpo, mas não cuidaríamos daquilo que pode matar a alma e levá-la ao tormento eterno? Na verdade, esta deveria ser nossa maior preocupação: a salvação de nossos filhos. Assim como aqueles discípulos foram dados a Jesus e Ele os guardou na terra, Deus nos empresta filhos com o propósito de salvarmos vidas do inferno. Não foi assim com Abraão? Deus disse: “Porque eu o tenho conhecido [Abraão], e sei que ele há de ordenar a seus filhos e à sua casa depois dele, para que guardem o caminho do Senhor, para agir com justiça e juízo; para que o Senhor faça vir sobre Abraão o que acerca dele tem falado” (Gênesis 18:19 ). 

Não podemos jamais ser dominados pelo medo, mas o temor ao Senhor (que não se confunde com o medo) livra da morte (Pv 14.27). O temor ao Senhor é um alerta precioso dentro de nós que não nos deixa acomodar diante dos potenciais riscos que o mundo oferece. Estaremos sempre não conformados, estabelecendo os limites divinos para a vida em vez de seguirmos o que o mundo diz. Mantendo sempre uma relação acolhedora, de confiança com os nossos filhos, assim como Jesus manteve com os seus enquanto esteve na terra. Os discípulos sabiam que embora no mundo tivesse aflições e armadilhas reais, Ele, Jesus, estaria sempre com eles, não importando a situação. A medida em que nossos filhos crescem, devemos ensiná-los a observar e fazer as próprias avaliações dos riscos. Chegará o momento em que diremos: “Aqui está, Deus, os filhos que me deste. Enquanto estavam comigo guardei-os em teu nome, agora, entrego-os para Ti”. Como será gratificante ver os frutos brotar na vida daquela pequena planta que regamos e cultivamos durante toda a vida!




"...e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse"


12. A despeito do meu comprometimento de ensinar e viver a verdade, haverá aqueles que talvez não se salvarão. Ser pai ou mãe é ser participante ativo do processo de criação divina e tal como no Éden, ao gerarmos um filho, um ser à imagem e semelhança de Deus, mas com liberdade intrínseca, corremos o mesmo risco (se assim podemos dizer) de perder aquela criatura para o mal e o pecado. Essa possibilidade não nos pode fazer parar nos esforços empregados para a salvação deles, e é exatamente por isso, por não sabermos se nossos filhos serão salvos ou não, que devemos ser cautelosos e preventivos. Devemos fazer o que estiver ao nosso alcance para que Cristo seja formado neles. Acima de tudo, confiar naquele que pode convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo vindouros. Nossa missão é pregar o evangelho e orar insistentemente, sendo um modelo de vida piedosa. O resto, Deus o fará. Quando chegar o momento das escolhas, onde aquela liberdade será exercitada, já não mais seremos responsáveis por eles. Agir como um pai de uma criança nesse momento será inútil. Mas, o que importa nessa fase, é ter a certeza de que cumpriu cabalmente a missão confiada. Consciência tranquila diante de Deus, coração descansado, Deus no controle. 




"Mas agora vou para ti, e digo isto no mundo, para que tenham a minha alegria completa em si mesmos"

13. Quando morrer, iremos para junto do Pai de todos nós, para o lugar de onde viemos e do qual falamos e que nossos descendentes irão, se forem fiéis. Essa esperança enche de conforto o coração e prepara nossos filhos para uma possível separação física, inesperada ou não. A vida não acaba aqui, eis a mensagem central. Estamos de passagem. Cultivar esse sentimento de que a vida continua depois daqui traz alegria completa. Podemos viver sem um membro da família aqui na terra, mas não podemos passar a eternidade separados. O mais importante nessa vida, afinal, é fazer escolhas eternas. Escolhas que nos preparem para a eternidade juntos com Deus.





"Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo".

14. O mundo não os aceitará, ridicularizará e zombará, mas não há problema com isso, nós sofremos isso mesmo quando fizemos nossa escolha por Deus. Essa identificação do nosso sofrimento com o sofrimento do próprio Cristo traz alívio para a dor da rejeição e até mesmo prazer. É muito importante que nossos filhos sintam que fazem parte de um grupo especial, com regras próprias, e estigmas próprios. Compartilhar isso fortalece o vínculo e gera neles um forte sentimento de que pertencem aquele grupo e que devem honrar o nome e a história de vida dos que vieram antes. Esse identidade impressa no caráter os conduzirá pelo fio que liga gerações passadas às gerações vindouras. Assim eles saberão e sentirão que fazem parte de algo maior, maior que eles mesmos, maior que suas histórias e poderão conduzir-se de forma sensata, sóbria e humilde nesse mundo.




"Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal". 

15. Um dos momentos mais difíceis na formação dos filhos é aquele em que precisamos soltar as cordas e deixar ir. “Enquanto estava no mundo guardei-os em teu nome” e agora, “livre-os do mal”. Em outras palavras: “eu sei, eu vou, mas eles continuarão por aqui. Eles precisam passar pelo teste de fogo e completar a carreira, mas eu te peço: livra-os do mal!”. Quando chega esse momento, aquela hora em que você não mais estará por perto para perguntar, sentir sentimentos ruins, aconselhar atitudes, proteger, não precisamos desesperar nem agir como um agente do FBI vigiando a vida e os passos deles. Se tudo foi feito, se você cumpriu cabalmente sua missão “guardando-os no nome de Deus”, então, solte a corda das mãos físicas e agarre-a com as mãos espirituais que é a oração. A oração entra onde não entramos. A maior garantia que temos são as palavras semeadas no coração. Elas darão fruto no tempo certo. Nesse momento, apenas nossas orações as acompanharão nesse mundo mal. 



"Não são do mundo, como eu do mundo não sou". 


16. Eles saberão de onde são. Eles seguirão nossos passos, se tivermos sido resolutos no nosso compromisso em agradar e servir a Deus.

"Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade". 

17. A única coisa que pode purificar a vida deles é a Palavra. Somente ela limpa. É preciso amá-la, lendo-a e vivendo-a todos os dias.


"Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E por eles me santifico a mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade".

18. Filhos extraem de nós compromissos sérios diante de Deus. Muitas vezes vivemos uma vida de piedade e santidade por amor a eles, para que tenham o exemplo em nós. Não que façamos isso forçadamente, para cumprir rituais e obrigações, mas que o amor nos compele a ser também um padrão de retidão na vida daqueles que geramos e que recebemos para guiar por esse mundo e finalmente entregar Àquele que os fez. O amor não é sentimento, mas um compromisso sério de formar uma pessoa melhor, tornar a jornada do outro mais leve, carregando sobre os nossos ombros o fardo das renúncias aos prazeres temporários. Palavras não produzem efeitos se primeiro não forem carregadas pelo exemplo. Há muitas vantagens em ser santo, separado, consagrado, é claro. Mas essas vantagens só são percebidas por mentes maduras e experientes, mentes que passaram pela transformação da renovação do entendimento, que entendem que a vontade de Deus, que é a nossa santificação, é perfeita, agradável e boa. O sacrifício temporário que fazemos trará dividendos eternos para nós mesmos e para aqueles que são antes de tudo, aprendem aos nossos pés a serem semelhantes a Cristo. 

O amor sofre. O amor acredita. O amor espera. O amor suporta. Ele também não se conduz inconvenientemente e não busca os seus interesses egoístas, mas sacrifica-se porque vê além daqui. O amor que está em nós faz-nos ver que somos maus e que precisamos renunciar a nós mesmos para dar a bênção àqueles que estão sob nós. Nesse sentido, santificamo-nos em prol da santidade dos nossos filhos.
Dentre tantos coisas boas que a família nos traz, essa é uma das melhores. A responsabilidade de ser irrepreensível para que o ensino seja eficaz faz dos pais homens e mulheres mais santos, preparados para encontrar com o Senhor.



(Continua...)
___________________
Adna S Barbosa

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