Formação do Caráter ao Modo de Deus e para a Sua glória

19:27:00





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Muitas vezes, quase que diariamente, no desejo de darmos uma boa formação de caráter sem nos esquecer de conservar a integridade emocional de nossos filhos, pendemos entre ser firmes ou 'bonzinhos'.


E hoje, nessa luta, lembrei de que o próprio Filho de Deus aprendeu a obediência por aquilo que padeceu (Hb 5.8). Foram as limitações do ventre de Maria, as fragilidades próprias de um bebê, a infância sob a autoridade de seus pais terrenos, a adolescência disciplinada nos serviços da carpintaria, e depois, todo um ministério cercado por dificuldades de todos os lados que Ele se consagrou o príncipe da nossa salvação (Hb 2.10). Ele se sujeitou a condições humilhantes de vida, ora numa cidade, ora noutra. Às vezes aplaudido, muitas vezes rejeitado e deixado só. Passava longas horas da madrugada orando e outra vez, de tão cansado que estava, dormiu na proa de um barquinho que balançava sem parar, mas tamanho era o sono que nem percebeu os movimentos. Por fim, ele mesmo se entregou à morte, e morte de cruz. A obra dEle foi aperfeiçoada depois de ter consumado tudo o que deveria fazer aqui. E agora, Ele é a causa da eterna salvação para todos os que lhe obedecem. 

Como mãe, o que me resta é deixar a mim mesma ser um instrumento de Deus para moldar o caráter de Cristo em pequenas criaturas cujos corações ainda estão sujeitos ao pecado.

Eu sei que em meio a uma cultura subjugada aos psicologismos precisarei de um esforço extra para me erguer sobre o mar das teorias humanas, cujo intento é apenas acalentar pecados internos. Com um pouco de fé e determinação, podemos escolher respirar o ar puro da Palavra de Deus, obedecendo a ela em nossos lares. E, em vez de dizer para si mesma: "ah, isso é uma fase, vai passar", abrir os olhos para os grandes alertas, que piscam sem parar diante de nós. O alerta da mentira, da birra, do desrespeito, da irresponsabilidade voluntária e pretensiosa, e tantos outros alertas que me fazem correr para os pés de Jesus e implorar por socorro.

Lá, de joelhos, eu ouço a Sua voz me conduzindo pelas Escrituras. Corro para ela e vejo um único padrão, um único meio para salvar meus pequenos filhos das ciladas de seus próprios corações impenitentes: o calvário. A cruz é o fim da obra que Cristo veio realizar neste mundo. Começando na escolha da sua mãe até a Sua morte, segue-se o caminho que Deus estava preparando para mim e para meus filhos. Se quero que eles tenham vida eterna sei que precisarão conhecer a Deus como único Deus verdadeiro, através de Jesus Cristo, o Seu enviado. 

Em lágrimas por eles, ouço a voz de Deus me dizer: "Mãe, Eu não tenho netos. Seus filhos não são meus filhos. Eu te coloquei neste lugar para que você prepare o caminho para o calvário. Eu Sou o Amor, e porque amo uso o deserto, a fome, o mar vermelho, a doença e o tempo para provar meus filhos, para que eles vejam por si mesmos o quanto seus corações são maus e o quanto carecem desesperadamente de Mim para consertá-los. Não tenha medo, mãe, de aplicar a disciplina, de fazê-los padecer diante do seus próprios pecados. O conhecimento que eles precisam ter de Mim surgirá justamente quando se estabelecer um conflito interior entre seus corações e a Minha santidade".

E então, eu lembro de Paulo, da sua impetuosidade e soberba, quando no seu ardente desejo de prestar um serviço a Deus é confrontado com uma luz tão forte que o deixa cego. Ele, que pensava ser o mestre de crianças, instrutor de insensatos e o guia dos cegos, agora, ele mesmo, torna-se um cego diante daquela inacessível luz. Numa visão, o Senhor disse a Ananias que ele seria um instrumento Seu no mundo, para levar o nome de Jesus perante os gentios e os reis, e perante seu próprio povo. E a forma que Deus escolheu para aperfeiçoar a Paulo foi mostrando a ele "o quanto ele devia padecer pelo Seu nome" (At 9.15,16). Depois, já perto de morrer, Paulo lembrou daquela visão e pôde exclamar: "Ele é o bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores, o único que é imortal e habita em luz inacessível, a quem ninguém viu nem pode ver. A Ele sejam honra e poder para sempre. Amém."

É preciso uma dose de tensão para reordenarmos nossas vidas. São mentirosas as teorias que tentam abafar nossas inclinações naturais para o pecado, que tentam moldar comportamentos baseadas numa falsa bondade natural. Todos os dias, nossos filhos precisam ser confrontados com a necessidade de conhecerem a Deus, conhecer Sua graça e amor, como também a Sua verdade e justiça. E eu, como mãe, devo me alegrar por poder cumprir esse papel no lar, sendo um agente da graça de Deus na vida de meus filhos. E nessa luta por formar Cristo no coração deles, frequentemente entrarei em conflito comigo mesma, com o amor que devo a Deus e àquele amor que devoto aos meus filhos. Deus espera de mim um nível de amor tão profundo por Ele, que nem mesmo meus filhos sejam capazes de penetrá-lo. 

Ele é tão bom que já me avisou desse conflito. Eu sei que o caminho não será fácil, mas valerá o esforço. Lembro da noite que perdi quando soube que estava grávida de minha primeira filha. Passei a noite em claro pensando em como seria essa nova vida. Até que o Senhor, logo pela manhã, falou comigo e acalmou meu coração. Ele me levou pela Sua Palavra e me mostrou o caminho espinhoso, mas,  ao final, Ele me disse: "o mapa está aqui, o caminho é esse. Você vai ter aflições, mas não tenha medo. Eu venci o mundo. Eu passei pela dor e pelo sofrimento e assim me consagrei o príncipe de suas aflições. Confie em mim. Ame a Mim, acima de tudo. Quando o amor que você deve a Mim e esse novo amor que coloco agora no teu coração entrarem em conflito, entenda que essa tensão é um teste da sua fé em Mim". 

Ele foi fiel. Ele me avisou. Ele não me enganou. O pior pode acontecer em meu serviço a Ele. Os laços mais fortes de amor humano não podem ser mais importantes do que o meu amor por Ele. Esse é o custo do discipulado. Os sofrimentos familiares são graves e nos golpeiam a alma. Mas é preciso uma dose de perseguição como fruto de uma vida piedosa em Cristo. Diante das provações que se colocam diante dos nosso caminho, Jesus, como fiel intercessor, roga apenas que a nossa fé não desfaleça. Devemos permanecer na fé, pois que por muitas tribulações nos importa entrar no Reino de Deus (At 14.22).

Não deveríamos temer a perda do amor por parte dos nossos entes queridos. Nosso temor deve ser somente àquele que pode fazer perecer tanto a alma quanto o corpo no inferno. A tribulação do crente vem para que os unamos mais ainda a Cristo. Nosso desejo deve ser cumprir com alegria a carreira e o ministério que recebemos do Senhor Jesus, de dar testemunho do evangelho da graça de Deus aos nossos filhos. Sabendo que nos esperam tribulações nessa jornada. No entanto, não devemos ter nossa própria vida por preciosa, antes, devemos anunciar todo o conselho de Deus a eles. Olhando por nós mesmos (porque esse Evangelho precisa ser poder primeiro em minha vida) e pelo rebanho sobre o qual fomos constituídos sacerdotes espirituais. 

Dias virão nos quais eles estarão diante de lobos cruéis, homens perversos. Portanto, vigiemos hoje. Oremos e admoestemos dia e noite, com lágrimas, cada uma dessas pequenas crianças. Deus é poderoso para os edificar e dar herança entre todos os santificados (At 20.23-32). É nessa esperança que continuamos.

Se Deus lhe chamou para exercer esse ministério em seu lar, você pode contar com Ele para lhe ensinar o que deve dizer e fazer com seus filhos. O Espírito Santo nos lembra as palavras que devemos falar e a cada dia Ele nos dá a Sua graça. Cheguemos diante de Deus na confiança que somos Seus filhos, e a estes, nada Ele lhes nega, pois Ele é um pai de amor e misericordioso. Se oramos pedindo o poder necessário do seu Espírito para continuarmos a vencer, Ele nos dará esse poder. 

Confessemos a Cristo em nosso lar. Mostremos amor a Ele em todas as coisas, e em qualquer circunstância. "Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim; e quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. Quem acha a sua vida a perderá, e quem perde a sua vida por minha causa a encontrará" (Mt 10.32-40). Cristo deve ser amado supremamente, ou Ele não será amado. Esse é o maior desafio do cristão: amar a Jesus sobre tudo e todos, mesmo que isso implique em desafetos ou desagrados. Façamos o que deve ser feito, tendo em vista o Reino eterno. A vida é finita e irrevogável e é somente aqui que podemos conhecê-Lo ou torná-Lo conhecido aos que amamos.


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Adna Barbosa

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