Sem mim, nada podeis fazer

18:59:00

Se pensamos que podemos fazer a obra do Senhor do jeito do mundo, como se as armas mundanas fossem adequadas, então estamos subestimando de forma drástica a natureza da batalha. Pois a verdadeira batalha não está no mundo visível, mas primariamente no mundo invisível. A batalha não é "contra carne e sangue", diz Paulo (Ef 6.12). Se tentarmos lutar na carne, estaremos lutando com oponente imaginário. O simples ativismo ocasiona resultados que parecem impressivos aos que se sentam na cadeira do naturalista, cujo único quadro de referência é o mundo visível. Mas não serão os resultados que o Senhor quer. 


Podemos ir mais longe e dizer que se os cristãos ganharem as batalhas por métodos mundanos, então eles perderam. Os resultados visíveis podem ser enganosos, e até parece que houve grande avanço: ganho de reconhecimento profissional, atração de pessoas para a nossa causa, aumento de dinheiro para nosso programa, distribuição de toneladas de literatura, ganho de passagem de importante projeto de lei. Mas se foi feito por confiança humanista em métodos técnicos, sem a direção do Espírito, então realizamos algo de pouco valor no mundo não visto. 

O oposto é igualmente verdadeiro: se os cristãos usam as armas que Deus ordenou — se pomos nossos talentos aos seus pés, morrendo para o orgulho e ambição, obedecendo aos princípios morais bíblicos, sendo capacitados por seu Espírito, guiados pela perspectiva da cosmovisão cristã —, então mesmo que segundo padrões externos pareça que perdemos, na verdade, ganhamos. As pessoas que olham de fora podem concluir que fracassamos. Até amigos e líderes cristãos podem menear a cabeça com desaprovação e nos advertir de um erro que cometemos. Mas se entregamos nossa vida verdadeiramente aos propósitos de Deus e somos conduzidos por Ele, então ganhamos uma batalha no mundo não visto. Um antigo clássico espiritual diz que a vida cristã começa quando entendemos, pela real experiência, que "sem mim nada podereis fazer" (Jo 15.5). E um versículo que memorizamos e citamos sem pensar. Contudo, raramente se torna real na prática até que confrontemos uma crise tirânica que nos impele para o fim de nossos recursos. Para pessoas com muitos recursos, isso pode ocorrer na meia-idade ou até mais tarde. Mas em algum ponto, ocorre-nos a conscientização de que a vida não é o que tínhamos esperado, e perguntamos: É só isso? Percebemos que, em um mundo caído, até as coisas boas podem não satisfazer de todo nossas mais profundas fomes, e tudo que amamos e pelo que vivemos vira areia que se esvai por nossos dedos. 




Se formos honestos, temos de admitir que nossas relações pessoais são impulsionadas pelo que nós queremos e precisamos dos outros, não por um amor genuinamente desinteressado por eles. Até nossos esforços no ministério cristão são incentivados mais por zelo e ambição pessoal que pelo Espírito de Deus. E quanto maior nosso zelo natural, maior a situação angustiosa que Deus tem de permitir para nos levar ao fim de nossas forças. Só depois de morrer para tudo pelo que já vivemos é que acreditaremos, como uma realidade prática, que "sem mim nada podereis fazer". E só então Deus pode derramar sua vida e poder em nosso trabalho. 

Quando a vida terminar e comparecermos ao julgamento dos crentes, descrito em 1 Coríntios 3, alguns de nossos projetos mais prósperos e impressionantes podem ser nada mais que madeira, feno e palha — materiais devorados pelas chamas. Entretanto, as atividades que foram verdadeiramente conduzidas e capacitadas por Deus, em obediência à sua verdade, quer os resultados sejam visíveis, quer não, brilharão como ouro prata e pedras preciosas. E, como jóias, Deus fixará esses materiais em nossa coroa.


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Nancy Pearcy, em Verdade Absoluta.
Pearcey foi aluna de Francis A. Schaeffer 
durante vários anos no Instituto Mundial de Jornalismo
Em setembro de 2007, Pearcey foi nomeada Professora 
dos Estudos em Cosmovisão do Centro de Estudos 
Universitários na Universidade Bíblica Philadelphia
Langhorne, Pennsylvania .
Pearcey é um colunista da revista 
conservadora Human Events . [8]

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