Pensar no fim tem o seu lado bom...

10:49:00


Tenho umas manias estranhas. Uma delas é achar que o fim está próximo e que algo muito ruim está por acontecer. Penso sempre que minha vida é como a luz de uma vela que oscila entre pontos fortes de luz e escuridão e que o vento pode soprar forte a qualquer momento. Por isso, sempre agradeço a Deus pela vida e pela saúde. Não sei quanto tempo vou viver assim e por isso sinto que devo viver de uma forma a não satisfazer os meus desejos, mas viver para tornar a vida dos que me cercam mais cheia de vida, pois assim como eu penso que estou por um fio, penso que os que me amam também estão. Penso em como será ruim minha vida sem eles...


Penso que isso pode acontecer com meu marido e meus filhos ou com meus pais. Penso que eu posso acordar e não tê-los, ou que posso perdê-los de repente. Então penso em seguida: se isso acontecesse, que sentimento eu gostaria de ter naquele momento? E a resposta me vem em seguida: gostaria de sentir que todo trabalho por amá-los foi leve, que valeu a pena as renúncias, as perdas pessoais, os pequenos momentos carregados de amor, como os banhos diários, a hora de dormir, as comidinhas na boca, os beijos na barriga, as cócegas, o abraço depois de uma disciplina amorosa, o tempo investido na relação, o quanto eu falei que os amava e demonstrei isso para cada membro da família, o respeito ensinado e vivido, o amor que no coração permanece eterno.

E sem querer, isso acaba me fazendo agir no presente. Acho que esses sentimentos são frutos de uma longa história interior. Desde a mais tenra infância ouvia minha mãe falando que desejava muito partir, que anelava os céus. Eu ficava desesperada com a possibilidade de perdê-la e chorava copiosamente. Até que achei uma saída para esse meu sentimento: orar. Orar pelos meus pais para que não morressem. Eu havia aprendido que quando oramos com fé Deus nos atende. E então inclui em todas as minhas orações (ao acordar, ao comer, nos devocionais e ao dormir) a seguinte frase que repetia quase como que uma reza: "abençoa meu pai, minha mãe, todos os que eu amo, dá saúde a eles, não deixe que morram, mas que vivam e sejam arrebatados. Em nome de Jesus, amém."

Pronto. Nunca mais sofri. Confiava que Deus ia me ouvir. E Ele me ouviu. Pelo menos até hoje. Vez por outra me pego orando assim. Até que na adolescência ganhei um livro. No último capítulo o autor contava a história de uma mulher que havia comprado uma lingerie finíssima e bem cara em uma viagem que fizera com seu marido a NY. Passaram-se nove anos e ela nunca usara a tal lingerie pois, como dizia ao marido, estava esperando uma ocasião especial. Chegou o momento do seu funeral, a morte chegara de forma inesperada e ali, ao separar as roupas que iam para o agente funerário, seu marido disse à cunhada: “Nunca guarde nada para uma ocasião especial. Cada dia em que você estiver viva é uma ocasião especial”.



Estamos no final do ano de 2016. Final de ano é tempo para reavaliarmos a vida, os investimentos feitos, as escolhas, as prioridades... e é tempo também para recomeçar. Um novo ano começa no próximo domingo. Domingo lembra ressurreição, vida nova, esperança. Que na auto-análise da vida que passou possamos reordenar nossos passos de maneira que a vida nova de Cristo toque todos os dias do ano que já está pra nascer. Pensar no fim deve ser sempre um prática diária. Quem pensa no fim evita erros, investe certo e deposita tesouros para a eternidade. Porque esta sim, é a vida que nos espera. E é nela que receberemos o prêmio pelas escolhas que fizemos aqui.

Que Deus nos ajude. Pensar no fim desde o começo nos faz perceber quão frágil somos e que nossos dias têm uma medida, um fim. O Senhor Criador fez nossos dias como a palmos; o tempo da nossa vida é nada diante dEle, que é eterno. Na verdade, todo homem, por mais firme que pareça, é totalmente passageiro. Que a vã aparência não nos roube o sentido da eternidade, que habita dentro de nós. Que a nossa esperança esteja em Deus, pois aqui somos estrangeiros e peregrinos, como todos os nossos pais.




"Faze-me conhecer, Senhor, o meu fim, e a medida dos meus dias qual é, para que eu sinta quanto sou frágil.
Eis que fizeste os meus dias como a palmos; o tempo da minha vida é como nada diante de ti; na verdade, todo homem, por mais firme que esteja, é totalmente vaidade. (Selá.)
...Agora, pois, Senhor, que espero eu? A minha esperança está em ti.
...Ouve, Senhor, a minha oração, e inclina os teus ouvidos ao meu clamor; não te cales perante as minhas lágrimas, porque sou um estrangeiro contigo e peregrino, como todos os meus pais. Poupa-me, até que tome alento, antes que me vá, e não seja mais".
Salmos 39:1-13





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Adna Souza é casada 
com Luciano e 
mãe de três filhos.

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