"Para o anormal, sua anormalidade é totalmente prosaica"

19:08:00







O caso da exposição do QueerMuseu é uma consequência natural da educação que recebeu a minha geração. Os que hoje fazem arte são frutos do tempo em que o relativismo surgiu como solução às velhas crenças, do tempo em que revolução sexual ditou o tom da música e da arte. A educação desse tempo era conformada à imagem dessas loucas invenções. Aos poucos, as crianças foram privadas do verdadeiro conhecimento, aquele podia conduzi-las à verdadeira liberdade. Em vez de receberem treinamento para a autodisciplina, foram cercadas de exercícios que encorajavam a autoexpressão. 


A educação fabril não ensinou o aparato crítico necessário para o pensamento, mas preocupou-se em programar as crianças para responder às questões da vida sob a ótica do politicamente correto. Enquanto tiravam Deus dos livros, o autor da verdadeira liberdade, adotavam para si deuses falsos que cegam o entendimento. O socialismo, o feminismo, o ambientalismo, o evolucionismo nada mais são do que produto de mente humana doente, disfarçado de ciência e de política liberal. E hoje, esse tipo de educação nos mostra que pessoas inteligentes podem acreditar em qualquer bobagem! Deixaram Deus de lado, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas rotas, que não retém águas. O conhecimento que se busca à parte de Deus não consegue satisfazer a necessidade humana. Nossa geração trocou a glória de Deus manifestada nas leis e modos cristãos por aquilo que é de nenhum proveito. 

Infelizmente, a educação não caminha para a liberdade, mas para a dependência de um sistema falido. Não pense que é em vão que nossos ideólogos insistem tanto na necessidade da educação compulsória, hoje não apenas até o ensino médio, mas até o doutorado. Tudo que quisermos aprender deve depender de um professor devidamente especializado e certificado pelo MEC. Caso contrário, não merecemos crédito pelos nossos talentos. Assim se formam jovens dependentes de um sistema educacional que escolhe o que bem quiser para doutriná-los. Nenhuma criatividade, nenhum senso crítico, nenhuma liberdade. A verdadeira educação deveria treinar mentes jovens para que se libertassem, em determinado momento, dos supervisores e pudessem escolher por eles mesmos o melhor caminho da civilidade e dignidade, o que nos renderia prosperidade.

Mas fomos treinados a não pensar. Isso se manifesta a começar pelo termo "liberdade de expressão" relacionado ao conteúdo exposto no salão. Liberdade indica o poder de escolher para si mesmo o que lhe faz bem, o que lhe preserva do mal. É viver de modo a não tornar a si mesmo ou aos outros escravos de quem quer que seja, inclusive deles mesmos. Só aí percebemos as grandes contradições lógicas dessa nossa geração privada do verdadeiro pensamento crítico. 

A propósito, o termo liberdade para se defender determinado posicionamento foi cunhado na Grécia antiga e era usado como uma permissão para se viver de maneira habitual, costumeira. Não estava relacionando, de modo algum, a viver do jeito que se quisesse, de maneira doentia, trazendo prejuízo à convivência social sadia. Um tirano era alguém que impedia as pessoas de viverem da forma normal e as induzia a uma nova forma de doutrinação. Nossos atuais ideólogos são esses tiranos que nos forçam a olhar a vida pelo avesso como se isso fosse natural. Querem impor comportamentos prejudiciais à vida privada e em sociedade como se fossem maneiras usuais de se viver. A nova educação visa remover de nossas mentes o hábito milenar da humanidade: o hábito de se distinguir o branco do preto, o homem da mulher, a verdade da mentira. Aos poucos, ela vai escravizando suas vítimas, levando-as a agirem contra elas mesmas. Tal é a falsa liberdade proposta por essa educação.

No final, essa educação pretende eliminar o que conhecemos como natureza humana, e que foi feita desde os tempos mais remotos. Não é liberdade aquilo que pretende mudar seu uso natural. Não é liberdade eliminar de si próprio a sua natureza. A verdadeira liberdade nos ensina que há certas regras de humanização e de que não se pode conceder liberdades institucionalizadas a alguns em detrimento do bem comum. 

Dizer que é normal, em nome de uma suposta liberdade, um homem querer ser mulher e relacionar-se sexualmente com animais, é como cuspir contra o vento, é como pular do 20º andar e esperar aterrissar sem danos. Isso não é liberdade, mas loucura. Nessa nova ordem social a única regra verdadeira é a regra que questiona o natural, o costumeiro, o normal. Em suas defesas exigentes e num fervor quase religioso, eles esquecem de que a liberdade que pretendem ter acaba com sua própria liberdade, uma contradição nos termos. É um suicídio lento, que atenta contra a própria vida que supostamente defendem. O que faz de nós seres humanos é a capacidade de pensar, de entender o mundo que nos cerca. Essa capacidade nos diz que homem é diferente de mulher, que sexo só acontece entre um macho e uma fêmea (não há sexo entre iguais), que culturas devem se respeitar, mas nunca poderão ser confundidas, porque não atingem a mesma população e os mesmos costumes. 

Quando havia algum resquício de razão em nossa sociedade, os posicionamentos sobre a verdade podiam até ser separados por um abismo imenso, mas tomavam como ponto de partida uma realidade factual. Um incrédulo ou um fervoroso crente tomavam o mal positivo como ponto de partida. Os crentes diziam que o pecado pode parecer prazeiroso, mas isso só acontece porque o homem está distante de Deus. O cético dizia que o mal era prazeiroso porque negava a existência de Deus. Todos concordavam que o mal podia ser prazeiroso, mas sustentavam seus argumentos por razões totalmente diferentes. Na nossa geração, nega-se o mal. Usemos a comparação que Chesterton fez a respeito disso: se for verdade que um homem pode sentir extrema felicidade em esfolar um gato, então só podemos fazer uma dentre duas deduções. Ou o homem nega os valores absolutos de Deus, afirmando que um gato é apenas um gato sem valor intrínseco, como fazem os ateus, ou nega a união entre Deus e o homem, tornando-o uma criatura divorciada do bem e da verdade. Os novos ideólogos parecem pensar que a solução altamente racionalista é negar o gato, ou seja, negar que existe o mal. "Mas ainda que eles neguem a realidade, tenho certeza de que eles ainda não negaram a existência de um hospital psiquiátrico", conclui Chesterton. 

Esses artistas acham que agir contra a natureza é escolher um novo tipo de normalidade, é uma espécie de autoexpressão. Mas se refletirmos um pouco veremos que se uma anormalidade é tida como normal por um grupo, tem-se que esse grupo não é normal. Essa é uma conclusão lógica. Recorro novamente a Chesterton: "de modo semelhante até mesmo a poesia mais louca da insanidade só pode ser apreciada por quem é sensato". Para o anormal, sua anormalidade é totalmente prosaica, ou seja, uma autêntica arte, porque em sua mente doentia aquilo faz todo sentido. Um homem que imagina ser uma galinha é para si mesmo tão comum como uma galinha, e portanto, não vê problema em se comportar como uma. A loucura desse pensamento é que levou ao fechamento aquela exposição. Infelizmente, influenciadores de opinião não percebem essa ironia. Os que possuem a imagem de Deus conservada ficaram intrigados com o que foi exposto. No mínimo, tudo aquilo causou-lhes uma estranheza. Mas "esquisitices chocam apenas as pessoas normais". 

A liberdade não existe simplesmente ao exprimi-la como bem parecer. A verdadeira liberdade é aquela que dá significado à vida. Deste modo, a verdadeira arte não é aquela que é fruto de uma patologia, mas a que retrata a vida como ela é, em sua essência e normalidade. E se essa arte quiser retratar os transtornos da natureza humana caída, a fará reconhecendo como de fato eles são: transtornos.

Se desconsiderarmos esse critério para distinguir o que é normal ou anormal, ou que não podemos contradizer a natureza das coisas só porque queremos reinventar outra natureza, fatalmente toda normalidade da vida se tornará confusa e por fim totalmente anormal. E é isso mesmo que estamos vivendo hoje. Afirmar que o casamento só existe entre o homem e a mulher é ser fanático, dizer que não há igualdade sexual (no sentido biológico e psicológico) é ser intolerante. Afirmar a verdade é ser preconceituoso, embora o oposto seja verdadeiro. Hoje, "fazer uma afirmação da verdade significa submetê-la a testes discursivos. Mas se não há verdade, então tal teste não pode existir. Consequentemente, as discussões não mais passam pelo teste do que é verdade ou mentira, mas do que é visão dominante ou desviante, e este último traz ostracismo. Naturalmente, a verdade não surge do discurso; mas este é testado por ela", disse o dr. Robert Spaemann. Mesmo antes de haver tudo o que conhecemos, a verdade existe e é intuitivamente convincente. 

Com a mente afetada, o homem fatalmente terá um espírito doente, incapaz de discernir a verdade. A exposição do Santander nada mais é do que o resultado de mentes empobrecidas por uma educação que aprisiona e rebaixa seus educandos a meros animais irracionais. Não é pra menos. Quem passou o tempo da infância, adolescência e juventude ouvindo que é descendente de macacos, e que é um animal racional evoluído, comportar-se-á como verdadeiro animal durante sua vida adulta. E foi o que vimos ali: seres humanos como animais irracionais, ou seja, sem juízo para discernir o bem e o mal. Eles não possuem aparato crítico para avaliar o que escutam ou veem. Esse tipo de educação abusa da mente humana e entrega seus infantes ao abandono intelectual.

Que fique como lição para nós, pais. Quando se relega uma geração aos seus próprios caprichos e apetites, espera-se uma civilização incivilizada, com uma cultura despropositada, ou pior, um cultura que constrói seu próprio sepulcro. O pensamento criativo surge nos primeiros anos da infância e vem da interação com os pais, do afeto, do amor e da disciplina sadia. O inverso também é verdade. Se houver abandono, situações de abuso ou ausência de um adulto que respeite e ame, o sistema de alarme infantil fica permanentemente ativado, gerando o estresse tóxico. Quando isso acontece, as sinapse de aprendizagem e auto-controle cortam-se, enquanto as sinapses de medo e as condutas ruins se fortalecem. Os anos iniciais são fundamentais para construir o cimento sólido da fundação do cérebro, que estimulem a curiosidade, a criatividade, o respeito, o auto-controle, o amor e o temor a Deus.


Portanto, pais, não deixem seus filhos à mercê dessa educação que deseduca. Você pode me perguntar: Como estimular o crescimento sadio? Prestando atenção ao que realmente importa. Seus filhos são a oportunidade de Deus dada a você para moldar as mentes que tocarão o mundo. O pai de Noé sabia bem disso e em meio ao caos de interações pecaminosas, ao pegar o pequeno bebê em suas mãos, disse: "este nos consolará em meio a uma terra cheia de maldição". Deus nos chama em meio a uma geração corrompida e perversa para que sejamos como o pai de Noé. A maldade do homem se multiplica sobre a terra e a imaginação dos pensamentos são sempre para o mal. Seu filho pode ser um Noé no meio desse caos. Não desista de ter filhos, nem de os ter tido. Ainda há esperança para o tronco cortado, para a raiz envelhecida. Ao cheiro das águas do Espírito de Deus ela brotará e dará ramos como uma planta.


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Adna S Barbosa





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